quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Caifás

Caifás

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Caifás

Cristo diante de Caifás, de Matthias Stom.
Caifás (em grego: Καϊάφας; em hebraico: יוסף בַּר קַיָּפָא; transl.: Yosef Bar Kayafa; AFI: joˑsef bar qayːɔfɔʔ; "José, filho de Caifás"[1]), no Novo Testamento, foi, entre 18 e 37 d.C., o Sumo Sacerdote judaico, apontado pelos romanos para o cargo. A Mixná (Parah 3:5) se refere a ele como Ha-Koph ("O Macaco"), trocadilho com seu nome, por ter se oposto ao Mishnat Ha-Hasidim.[2] De acordo com alguns trechos do Novo Testamento, Caifás participou do julgamento de Jesus no Sinédrio, supremo tribunal dos judeus, após a prisão deste no Jardim de Getsêmani.
Tanto os evangelhos de Mateus e João mencionam Caifás como participante de destaque neste julgamento de Jesus organizado pelo Sinédrio; por ser um sumo sacerdote, ele também ocupava a posição de chefe da corte suprema. De acordo com os evangelhos Jesus foi preso pela guarda do Templo de Jerusalém, e foi levado diante de Caifás e outros, por quem foi acusado de blasfêmia. Após considerá-lo culpado, o Sinédrio entregou-o ao governador romano Pôncio Pilatos, por quem Jesus também foi acusado de sedição contra Roma.

Índice

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[editar] No Novo Testamento

Afresco de Giotto, representando Jesus diante de Caifás.

[editar] Mateus: julgamento de Jesus

No Evangelho segundo Mateus (26:57-26:67) Caifás, juntamente com outros sumos sacerdotes e o Sinédrio da época (dominado pela Beit Shammai) são retratados interrogando Jesus, procurando por "falsas evidências" com as quais possam incriminar Jesus, porém não conseguem descobri-las. Jesus permanece em silêncio durante o processo, até que Caifás lhe exige que diga se ele é o Cristo. Jesus declara implicitamente que o é, e faz uma alusão ao Filho do Homem, que o sumo sacerdote veria "assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu."[3] Caifás e os outros homens o acusam de blasfêmia, e ordenam que seja espancado.

[editar] João: relações com os romanos

No Evangelho segundo João (11:46) Caifás considera, juntamente "com os sacerdotes e os fariseus", o que fazer acerca de Jesus, cuja influência está se espalhando. Sua preocupação sugere que temiam que "toda a nação" pereceria, em vez de "um homem", que deveria morrer pelo povo: "Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação."[4]
Em outro trecho (18:13) Jesus é conduzido diante de Anás e Caifás e interrogado, sendo espancado intermitentemente. Em seguida os outros sacerdotes (sem a presença de Caifás) levam Jesus a Pôncio Pilatos, governador romano da Judéia, e insistem pela sua execução. Pilatos instrui os sacerdotes a executarem Jesus eles próprios, ao que respondem não ter autoridade suficiente para fazê-lo. Pilatos interroga então Jesus, e declara: "Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele."[5] Em seguida, oferece aos judeus a escolha de um prisioneiro para ser solto - supostamente uma tradição da Páscoa judaica - e os judeus optaram por um criminoso comum, de nome Barrabás, em vez de Jesus.

[editar] Implicações políticas

Para os líderes judeus do período, existiam preocupações sérias sobre o domínio dos romanos, e um movimento zelota insurgente, surgido a partir da Beit Shammai, visava expulsá-los de Israel. Esta mesma liderança judaica via com temor qualquer reformista ou líder religioso que pudesse vir a negar-lhes sua própria legitimidade de governar, ou que incitassem uma rebelião aberta contra a ocupação romana. Os romanos, por sua vez, não aplicavam penas de morte a violações da lei judaica e, portanto, a acusação de blasfêmia não faria qualquer diferença para Pilatos. A posição legal de Caifás foi, então, de estabelecer que Jesus era culpado não só de blasfêmia, mas também de se ter proclamado o messias - que era compreendido como o retorno do rei davídico, ou seja, um ato de sedição, que era punido pelos romanos com a execução. Pilatos inicialmente tencionava que Herodes Antipas lidasse com o assunto, enquanto os zelotas dentro do Sinédrio liderado por Caifás desejavam que uma execução romana galvanizasse a insurgência.

[editar] Atos dos Apóstolos

Estátua de Caifás no Adro do Bom Jesus, Braga .
Posteriormente, nos Atos dos Apóstolos (4:1), os apóstolos Pedro e João procuraram Anás e Caifás depois de terem curado um homem aleijado. Os sacerdotes questionaram a autoridade dos apóstolos para executar tal milagre; quando Pedro, "cheio do Espírito Santo", respondeu que Jesus Cristo era a fonte de seu poder, Caifás e os outros sacerdotes perceberam que os dois homens, por mais que não tivessem qualquer educação formal, falavam de maneira eloqüente sobre o homem a quem chamavam de salvador. Caifás mandou-os sair do conselho, e entrou em conferência com os outros. Juntamente com Anás, anunciou que as notícias do milagre já haviam se espalhado demais, e que qualquer tentativa de negá-lo seria vã; em vez disso, os sacerdotes deveriam alertar aos apóstolos que não mais mencionassem o nome de Jesus. Os dois, no entanto, ao ouvir esta ordem dos sacerdotes, recusaram-se a obedecê-la, alegando não poder deixar de falar do que tinham visto e ouvido.[6]

[editar] Outras fontes

A passagem pelo poder de Caifás foi registrada pelo historiador judaico-romano Flávio Josefo, que viveu durante o século I. Ele teria sido nomeado para o cargo de Sumo Sacerdote em 18 d.C. pelo procurador romano que antecedeu a Pilatos, Valério Grato.[1]
Seus cinco cunhados, e seu sogro, também serviu como Sumo Sacerdote. Flávio Josefo menciona, em relação ao seu sogro Anás, que nenhum outro Sumo Sacerdote teve esta fortuna:
  • Anás ben Sete (6–15), Anás o pai, sogro de Caifás (João 18:13).
  • Eleazar ben Anás (16–17)
  • Josefo ben Caifás (18–36), que se casou com a filha de Anás.
  • Jônatas ben Anás (36–37 e 44)
  • Teófilo ben Anás (37–41)
  • Matias ben Anás (43)
  • Anás ben Anás (63), Anás o filho, mais jovem dos cinco irmãos.
Como nenhum João e Alexandre são registradas entre a família de Anás, é possível que "João e Alexandre", que são mencionados em Atos, são nomes helenizado: Atos 4:6 "e Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, João (Jônatas ben Anás?), Alexandre (Eleazar ben Anás?), e todos quantos eram da linhagem do sumo sacerdote."
Em 1990, nos arredores da atual Jerusalém, foram descobertos doze ossuários numa sepultura familiar de um certo "Caifás". Um dos ossuários estava inscrito com o nome completo, em aramaico: "José, filho de Caifás", enquanto um segundo tinha apenas o sobrenome "Caifás".[1] Após serem examinados, os ossos foram enterrados novamente no Monte das Oliveiras.

Referências

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