Ateísmo
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O termo ateísmo foi originado do grego ἄθεος (atheos), e era aplicado a qualquer pessoa que não acreditava em deuses, ou que participava de doutrinas em conflito com as religiões estabelecidas. Com a disseminação de conceitos como a liberdade de pensamento, do ceticismo científico e do subsequente aumento das críticas contra as religiões, a aplicação do termo passou a ter outros significados. Os primeiros indivíduos a se auto-identificarem como "ateus" apareceram no século XVIII. Hoje, cerca de 2,3 % da população mundial descreve-se como ateu, enquanto 11,9 % descreve-se como não-teístas. Entre 64% e 65% dos japoneses[4][5] e 48% dos russos[4] descrevem-se como ateus, agnósticos, ou não-crentes. A Europa é a região do planeta em que a descrença absoluta ou relativa em deuses é mais disseminada, sendo posição majoritária em diversos países deste continente. [4] Entretanto, a percentagem destas pessoas em estados membros da União Europeia varia entre 6% (Itália) a 85% (Suécia).[4] Por outro lado a África, o Oriente Médio e o Sudeste Asiático são as regiões com menor incidência de ateístas.[6]
Ateus podem compartilhar preocupações comuns com os céticos quanto a assuntos sobrenaturais, citando a falta de provas empíricas. Entre essas racionalidades comuns incluem-se o problema do mal, o argumento inconsistente de revelações e o argumento de descrença. Outros argumentos a favor do ateísmo crescem com o apoio da filosofia e da história.
Na cultura ocidental, ateus são frequentemente considerados como irreligiosos ou descrentes.[7] No entanto, sistemas de crença religiosa e espiritual, como formas do budismo, que não defende a crença em deuses, têm sido descritos como ateus.[8] Embora alguns ateus tendam a direções filosóficas como o humanismo secular,[9] o racionalismo e o naturalismo,[10] não há nenhuma ideologia ou um conjunto de comportamentos a que todos os ateus devam respeitar.[11]
Índice[esconder] |
[editar] Etimologia

A palavra grega αθεοι (atheoi), tal como aparece na Epístola aos Efésios (2:12) no início do século III.
A palavra passou a indicar de forma mais direta pessoas que não acreditavam em deuses no século V a.C., adquirindo definições como "cortar relações com os deuses" ou "negar os deuses" em vez do anterior significado de ἀσεβής (asebēs) ou "incrédulo". Modernas traduções de textos clássicos, por vezes tornam atheos como "ateu". Como um resumo substantivo, também houve ἀθεότης (atheotēs), "ateísmo". Cícero traduziu a palavra do grego para a palavra em latim atheos. O uso frequente do termo no sentido pejorativo era encontrado no debate entre os primeiros cristãos e os Helênicos.[12]
Karen Armstrong escreve que "Durante os séculos XVI e XVII, a palavra "ateu" ainda era reservada exclusivamente para a polêmica … O termo "ateu" foi um insulto. Ninguém teria sonhado de pôr-se um ateu."[13] o termo "ateísmo" foi utilizado pela primeira vez para descrever uma crença autoconfessa europeia, no final do século XVIII, especificamente denotando descrença no deus monoteísta abraâmico.[14] No século XX, a globalização contribuiu para a expansão do termo para referir-se à descrença em todos os deuses, embora ainda seja comum na sociedade ocidental descrever ateísmo como simplesmente "descrença em Deus."[15] Mais recentemente, tem havido um movimento em certos círculos filosóficos para redefinir ateísmo como a "ausência de crença em divindades", e não como uma crença em si mesmo; esta definição tornou-se popular em comunidades ateístas, embora sua utilização tenha sido limitada.[15][16][17]
[editar] Definição
O ateísmo é considerado como uma posição ideológica em relação à crença em deuses. Não pode ser considerado como um tipo específico de religião já que, na maioria das definições aceitas, para que uma dada perspectiva seja classificada como tendo caráter religioso, esta deve ter como elemento central a crença em entidades sobrenaturais, além de possuir rituais e ensinamentos que conduzem um tipo de moralidade. Certas correntes filosóficas podem ser consideradas como ateístas, mas o conceito de ateísmo não se prende a uma filosofia ou religião específica. Há, inclusive, algumas correntes do Budismo e Jainismo podem ser denominadas ateístas por não apresentarem nenhuma concepção de deus, no entanto, não devemos confundir Budismo com ateísmo.De fato, existem tantos ateus, diferentes entre si, quanto as pessoas de uma dada população, no seu todo. Pelo simples fato de uma pessoa ser ateísta, não se pode inferir que esta pessoa esteja alinhada a qualquer crença positiva particular (isto é, que não se limite à ausência de crença) e não implica a aceitação de qualquer sistema filosófico específico. O ateísmo também não é uma visão do mundo ou um modo de vida: O ateísmo não define gostos, visões políticas ou valores morais. Muitos associam o ateísmo ao socialismo, no entanto, não há nenhuma relação que deriva do ateísmo que resulte no socialismo. Ateus podem ocupar diferentes ideologias políticas e econômicas. Ateus são livres para discordar inclusive no que diz respeito ao papel da crença religiosa na sociedade e no indivíduo - embora algumas correntes políticas ateístas tenham optado pela repressão, como por exemplo, a antiga União Soviética, que alegava que os religiosos tinham sido cúmplices do regime czarista.
Frequentes alegações contra o ateísmo inclui acusações definitivamente entrariam em contradição com a própria definição do termo. Um atribuição comum é de que ateus defendem a adoração de Satã (do hebraico satan, "o adversário"). Obviamente que tal afirmativa só faria sentido dentro contexto em que se valida a existência de deuses. O Satanismo, portanto, é uma religião por definição, sendo rejeitada pelos seguidores do ateísmo. As crenças típicas da "nova era", ou semelhantes, são também rejeitadas, em princípio, por qualquer ateu.
[editar] O ateísmo no mundo e na história

Mapa indicando a porcetagem de população irreligiosa por país. Quanto mais escuro o país, maior é a porcentagem de pessoas irreligiosas.

Karl Marx, um dos mais famosos ateus da história.

Richard Dawkins, um dos mais influentes ateus da atualidade.
Apesar das atitudes do período de Guerra Fria, os ateus são legalmente protegidos da discriminação nos EUA e são os mais fortes advogados da separação legal entre igreja e Estado. Os tribunais estadunidenses regularmente interpretam o requisito constitucional em relação à separação entre Igreja e Estado como sendo protetor da liberdade dos descrentes, e também proibindo o estabelecimento de qualquer estado religioso. Os ateus muitas vezes resumem a situação legal com a frase: "Liberdade religiosa também significa liberdade da não religião."
A despeito dos preconceitos, a desfiliação religiosa cresce em vários países, incluindo os lusófonos. No Brasil, de acordo com dados do IBGE,[23] 7,4% (cerca de 12,5 milhões) da população declaram-se sem religião, podendo ser agnósticos, ateus ou deístas. A religião não é a única fonte de formulação de valores éticos e morais, pois a secularização das sociedades é algo inegável.
Apesar do termo ateísmo ter se originado na França do século XVI,[24] as ideias que são hoje reconhecidas como ateístas são documentadas desde a antiguidade clássica e o período védico.
[editar] Antiga religião hindu
Escolas ateístas são encontradas no hinduísmo, que é por outro lado uma religião muito teísta. A completamente materialista e anti-teísta escola filosófica Cārvāka que se originou na Índia em torno do século VI a.C. provavelmente é a escola mais explicitamente ateísta de filosofia na Índia. Este ramo da filosofia indiana é classificado como um sistema heterodoxo e não é considerado parte das seis escolas ortodoxas do hinduísmo, mas é notável como evidência de um movimento materialista dentro do hinduísmo.[25] Chatterjee e Datta explicam que a nossa compreensão da filosofia Cārvāka é fragmentária, baseada principalmente na crítica das ideias por outras escolas, e que não é uma tradição viva:"Apesar de que o materialismo de alguma forma ou de outra sempre esteve presente na Índia, e referências ocasionais sejam encontradas nos Vedas, na literatura budista, nos épicos, bem como nas obras filosóficas posteriores, não encontramos nenhum trabalho sistemático sobre o materialismo, nem qualquer escola organizada de seguidores como as outras escolas filosóficas possuem. Mas quase todos os trabalhos das outras escolas mencionam, por refutação, os pontos de vista materialistas. Nosso conhecimento do materialismo indiano baseia-se sobretudo nesses trabalhos.[26]Outras filosofias indianas geralmente consideradas como ateístas incluem samkhya clássica e mimāṃsā. A rejeição de um Deus criador pessoal também é vista no jainismo e no budismo na Índia.[27]
[editar] Tipos de ateus

Diagrama de Venn mostrando a relação entre as definições de ateísmo fraco/forte e ateísmo implícito/explícito.
Alguns dos que poderiam ser chamados ateus não se identificam com o termo, preferindo ser chamados de agnósticos, ou seja, ainda que deixem aberta essa possibilidade, não afirmam nem negam a existência de qualquer entidade divina, de modo que não orientam a sua vida ou suas escolhas com base no pressuposto na existência de potências sobrenaturais. Nesse caso, o agnosticismo identificar-se-ia com o "ateísmo fraco". Para muitos, o verdadeiro ateu não aceitaria nenhuma das posições acima, sendo que julga a inexistência de deuses pela impossibilidade física ou lógica dos mesmos. Não abre chance a possibilidades, pois já estaria provada pela natureza em si sua posição. Essa corrente é a também chamada de "ateísmo forte". Em última instância, há vários tipos de ateus e muitas justificativas filosóficas possíveis para o ateísmo. Desse modo, se quiser descobrir por que uma pessoa em particular diz ser ateísta, o melhor é perguntar-lhe directamente.
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