sábado, 30 de outubro de 2010

Oito nações, incluindo a Rússia, não garantem liberdade religiosa

Países traem Organização e Lei que defende a liberdade de culto
Oito nações, incluindo a Rússia, não garantem liberdade religiosa Vários países membros da Organização para a Segurança (OSCE) têm violado os compromissos com a liberdade religiosa estabelecidos pela instituição, de acordo com a Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa.

"Um número crescente de estados participantes abusaram da autoridade e introduziram medidas que atentam contra o direito dos indivíduos e das comunidades de professarem e praticarem sua religião ou crença livremente", disse Felice Gaer, comissário da organização, na conferência em Varsóvia, Polônia. Ele ressaltou a lista de oito países, em particular, incluindo a Rússia.

OSCE, uma coligação de 56 países, discute questões como controle de armas, meio ambiente e direitos humanos e é a maior organização de segurança regional no mundo. Os Estados-Membros incluem países da Europa, Ásia Central e América do Norte.

Alguns membros da OSCE têm permitido ou mesmo aprovado atos de intolerância religiosa, incluindo abusos como a imposição de severas restrições à educação religiosa, proibindo a literatura, rotulando manifestações pacíficas como "extremistas" ou "terroristas" e promovendo a condenação nacional de várias crenças.

A Lei de Helsinki da OSCE tem sido uma parte integrante de sua dimensão dos direitos humanos. Desde que a lei foi aprovada em 1975, foi expandida para promover a liberdade individual. Em 1989, a expansão de Viena, em particular, fez referências específicas à liberdade religiosa, assegurando a todos os países que confirmam o documento de prestação de igualdade universal. No entanto, estudos recentes realizados mostram que alguns países membros não conseguiram cumprir com os princípios resumidos na Lei de Helsinki e suas expansões.

A expansão de Viena assinala a obrigação de todos os Estados-Membros de garantir a todos os cidadãos a liberdade de culto, incluindo o direito à educação religiosa privada; liberdade para construir centros de culto; a preservação cultural; e publicação de materiais religiosos.

Gaer ressaltou na conferência da OSCE em Varsóvia, que a recusa de conceder liberdade religiosa começa ser um perigoso precedente que poderia levar a uma perda de outras liberdades individuais.  “A falta de proteção dos direitos dos membros de minorias religiosas contribui também para a erosão da livre reunião, expressão e outros direitos humanos fundamentais", disse Gaer, de acordo com um comunicado, elaborado por escrito.

Como resultado do acompanhamento frequente, USCIRF (United States Commission on International Religious Freedom - Comissão Internacional dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa) nomeou Uzbequistão, Turcomenistão, Tadjiquistão, Quirguistão, Cazaquistão, Bielorrússia, Azerbaijão e Rússia como os autores mais proeminentes da injustiça religiosa.

De acordo com a instituição, atos de violência e discriminação ainda foram relatados contra os Protestantes (incluindo tradicionais e pentecostais); Judeus; Muçulmanos; Testemunhas de Jeová e até praticantes de Hare Krishna. Porém, dentre todo o grupos, os protestantes são frequentemente atacados pelos meios de comunicação controlados pelo Estado.

Enquanto Gaer discutia uma série de violações no Oriente Médio, ela também mencionou alguns atos de intolerância religiosa no Canadá, França, Grécia e outros países ocidentais.

De acordo com a USCIRF, a violência anti-semita aumentou em muitos destes países, incluindo ataques a sinagogas e túmulos judaicos. Atos violentos contra os muçulmanos também têm sido relatados.

Gaer concluiu seu discurso incentivando a todos os Estados membros da OSCE a manter suas promessas de proporcionar aos seus cidadãos a oportunidade de praticar sua religião livremente e com segurança.

"Os EUA exigem que os participantes da OSCE Estado a aderir mais aos compromissos com a liberdade de pensamento, de consciência, de religião ou crença," disse Gaer. "As pessoas que pertencem a uma comunidade pacífica religiosa - ou aqueles que preferem uma abordagem secular - claramente merecem respeito e proteção do governo."

Tradução da Bíblia muda vida de africano

Visão de Kwame é treinar outros para traduzir a Palavra de Deus
Tradução da Bíblia muda vida de africano Apesar de Kwame Nkrumah ser fluente em dez idiomas, ele começou a vida entre as pessoas de Gana, África Ocidental, onde se fala a língua Dilo. Seu pai servia a aldeia como um líder da adoração aos espíritos ancestrais, e Kwame era esperado para seguir os passos de seu pai.

Mas quando ele era jovem, um casal começou a trabalhar na sua aldeia para traduzir a Bíblia. Como um menino de nove anos de idade, Kwame ouvi-os ler trechos de seu trabalho na sua língua. Ele ficou impressionado com este Deus de amor, que era muito diferente dos espíritos temerosos que seu pai adorava. Ele colocou sua fé em Jesus, e pediu aos tradutores se podia trabalhar com eles em tempo integral.

Mais tarde, eles ajudaram a kwame a frequentar a Universidade de Gana, onde fez bacharelado em Linguística. Durante os intervalos de férias da escola, ele voltou para ajudar a equipe com a tradução para Dilo.

Quando terminou a escola, ele ganhou um mestrado em tradução da Bíblia do Instituto de Linguística de Gana. Na universidade, ele conheceu Naana, que se tornou sua mulher, e agora ele é um consultor do Antigo Testamento.

Como o projeto Dilo progredia bem, Kwame pediu para juntar os tradutores que trabalham na língua Pasaal, onde permaneceu por sete anos. Mais tarde, o Instituto pediu-lhe para se tornar o diretor do programa de língua para 30 projetos em todo o país.

"Agora temos a Bíblia em nossa língua", Kwame, comemorou. "Eu não sabia que Deus poderia falar a minha língua. Pensei que só podia adorar a Deus em linguagem de outra pessoa! Nós sentimos como se não fossem importantes.

Durante todo esse tempo, Kwame ainda ajudou com o projeto Dilo como podia. Centenas de fiéis - fruto da Palavra de Deus na sua língua - se reuniram para celebrar com canções, danças e depoimentos. Imagine a alegria Kwame enquanto ele segurava a Bíblia que ele havia trabalhado tanto tempo para trazer ao seu povo.

Nkrumah diz que "como resultado do Novo Testamento, temos mais de 60 cristãos. É incrível. Estou animado sobre isso".

Agora Nkrumah trabalha no Antigo Testamento. "Estamos em contato com a empresa de sementes, esperando e confiando que Deus levantará parceiros por nós para que sejamos capazes de dar toda a Bíblia para o meu povo.

A visão de Kwame como um consultor de tradução é treinar outros para traduzir a Palavra de Deus, para que outros grupos da África tenham acesso a mensagem do amor de Deus na língua do seu coração. Kwame Visão Como eh consultor de Tradução e treinar Outros parágrafo Traduzir uma Palavra de Deus, outros Que n º Grupos da África Terao Acesso uma Mensagem do amor de Deus nd Língua Seu Coração fazer.

Pastores da AD Campinas são homenageados

Associação Beneficente Campineira também recebeu a medalha ´Arautos da Paz`
Pastores da AD Campinas são homenageados A Câmara Municipal de Campinas homenageou na noite desta sexta-feira (29) os pastores Daniel Bueno, Edilson Veras e Enio Custódio com a medalha “pastor João Batista Martins de Sá” pelo trabalho social que eles desenvolvem em bairros da cidade. A Associação Beneficente Campineira – a ABC – recebeu também a medalha “Arautos da Paz”.

A homenagem foi indicada pelo pastor e Vereador Professor Alberto que presidiu a sessão solene. Aproveitando a data, foi lembrado ainda, o Dia da Reforma, que é comemorado no dia 31. Neste ano a reforma protestante comemora 493 anos. O jornalista Fausto Rocha fez um discurso lembrando a data.

O vereador Professor Alberto explicou que concedeu esta honraria aos pastores pelo trabalho social que eles desenvolvem em bairros da cidade. No caso do pastor Daniel Bueno, na região do Parque Universitário, pastor Edilson Veras presta um trabalho social  e religioso à comunidade do Campos Elíseos e o pastor Ênio Custódio está trabalhando na região do Metanópolis. Todos pela Assembléia de Deus Ministério Belenzinho em Campinas.

O representante da ABC, Cláudio Levi Bragante anunciou que nesta semana uma das meninas que participa da modalidade de sapateado foi escolhida entre 200 alunas no Brasil, recebendo a  indicação para representar o Brasil em Washington (EUA).  Ele iniciou sua fala dando esta notícia e mostrando um pouco do trabalho que a entidade presta na região do São Marcos. A ABC este ano completou 60 anos de assistência social prestada a crianças, adolescentes, jovens e terceira idade. A igreja Metodista é a mantenedora da ABC.   

Arruma Blog

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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

"Senhor, ensina-nos a orar"

A relação entre conhecimento e a vida prática de oração
“Senhor, ensina-nos a orar”, evocava humilde e esperançoso um dos discípulos (Lc 11.1). O incógnito suplicante fizera uma das orações mais breves de toda Escritura. No desejo de aprender a orar, suplicou, e prontamente foi atendido. Jesus ensinou-lhe a essência e o paradigma da oração cristã eficaz.

A oração estava presente e arraigada na religião e cultura judaicas de tal modo que não temos qualquer perícope nas Escrituras que interrogue a respeito de sua definição. Ensinar a orar não é a mesma coisa que definir o que é orar. Os discípulos de Cristo, assim como os de João ou dos fariseus, não questionavam seus mestres a respeito do significado da oração. Ensinar a orar diz respeito à liturgia, à forma; definir a oração tem a ver com a teologia.

O súplice sabia mais da teologia da oração do que de sua forma. Ele não precisava que Jesus a definisse, pois o povo israelita possuía uma longa tradição teologal e litúrgica nas quais a oração era componente essencial do culto a Javé. O conceito de oração era de pleno conhecimento do israelita adulto, razão pela qual não havia necessidade de o discípulo incógnito perguntar por sua plena significação. Entrementes, sentira a urgência de apreender a sua essência e forma.

Apesar de inserido em uma sociedade cúltica e orante, vira que seu Mestre invocava a Deus com a mais íntima comunhão. O particípio presente do verbo proseuchomai, “orando”, possibilita a interpretação de que os discípulos estavam presentes nesse “certo lugar” (Lc 11.1); caso não estivessem presentes, o que parece não ser o caso, chegaram enquanto Jesus ainda orava.

Se fazia parte da tradição o rabino ensinar aos seus discípulos como se deve orar, como atesta o complemento “como também João ensinou aos seus discípulos”, então, era oportuno que o aprendente interrogasse seu mestre a respeito do assunto. Assim, embora não perguntasse ao ensinante o que é oração, indagara a respeito de como deveria orar, uma vez que, de acordo com Joachim Jeremias, na época do Novo Testamento, o judeu piedoso “rezava três vezes ao dia”,[1] indicando assim, que não era preocupação do judeu orante a definição de oração, mas em que a oração do Galileu diferia-se da tradição.

As duas proposições, como orar e o que é oração demonstram, entretanto, uma relação entre a experiência cúltica da oração e a definição teórica que a orienta. A experiência é a expressão prática, mas a definição, a expressão doutrinária. Se o discípulo fizesse a segunda pergunta, seu interesse seria teológico e dogmático, porém, como fez a primeira, demonstra maior preocupação com a forma e prática da oração do que em sua episteme. A primeira indagação é litúrgica e cultual; enquanto a segunda, doutrinária e teológica. Esta traduz a teoria, mas aquela, a experiência religiosa. As duas não são antagônicas, mas complementares.

De acordo com Joachim Wach, a expressão teórica e a experiência religiosa estão entrelaçadas, de modo que uma não se sobrepõe à outra. Segundo o autor

A expressão cultual (prática) da experiência religiosa precede a expressão teórica, ou os elementos doutrinais são os que determinam as formas nas quais o culto será realizado? [...] A interpretação mais plausível parece ser a que considera tanto a expressão teórica como a prática como estando inextricavelmente entrelaçadas e a que desaprova qualquer esforço de atribuir prioridade seja a uma, seja a outra.[2]

Correndo o risco de perturbar a clareza de nossa assertiva, a experiência religiosa para Wach refere-se à expressão prática no culto e nas formas de adoração. A manifestação dessa experiência religiosa se realiza na doutrina (teoria), no culto (prática) e na comunhão (sociologia),[3] isto é, no conteúdo, forma e coletividade.

De acordo com o autor, o culto forma, integra, e desenvolve o grupo religioso através de seus principais elementos (a oração, o sacrifício e o ritual).[4] O culto, na acepção sociológica, se compõe dos exercícios religiosos que relacionam e integram o homem e o seu grupo religioso ao sagrado.

As experiências religiosas advindas principalmente da prática litúrgica e da comunhão do grupo, segundo Severino Croatto, são influenciadas pela experiência humana que é sempre relacional. [5] Assim, a oração não é uma manifestação religiosa articulada fora da experiência humana e do grupo religioso. Ela pertence ao jogo de linguagem, segundo Wittgenstein[6], e às representações religiosas coletivas que exprimem, segundo Émile Durkhein, realidades coletivas[7] e, como elemento que integra o rito, constitui-se um elemento de mediação hierofânica. Por conseguinte, a oração não é uma manifestação religiosa articulada fora da experiência humana e do grupo religioso.

Portanto, o discípulo orante não necessitava do conceito de oração, já que a prece fazia parte de sua experiência religiosa, mas de sua realidade cúltica, transformacional e mediadora, suplantada pelo tradicionalismo de então. As formas mecânicas da oração hebreia contrastavam com a oração vivificante de Cristo, razão pela qual o pedinte suplica por sua fórmula em vez de sua significação.

Ainda preso aos tentáculos do tradicionalismo, pensava ele que a essência da oração era sua forma, suas estruturas e ritos. O discípulo conhecia a teoria, mas essa se opunha a prática vigente. Por conseguinte, teoria e forma, doutrina e liturgia não se dicotomizam, muito embora seja possível romper a forma da essência e a doutrina da liturgia. A teoria e a experiência religiosa, por mais que se conflitem, estão entrelaçadas.

Wach critica aqueles que separam a teoria (a fórmula racional) da experiência religiosa (a manifestação prática). Considerou equivocada a posição dos teóricos que atribuem à religião um caráter apenas reflexivo e, principalmente, a de Schleiermacher, para o qual as ideias são estranhas à religião e devem ser substituídas pela intuição.[8]

Para Schleiermacher, a religião não é conhecimento e muito menos atividade que condiciona a vida moral (ação), mas tão somente sentimento, uma experiência meditativa (andächtiges Erleben), ou como Mendonça define a concepção schleiermacheana, “presença do infinito no finito”

    Baseando-se na psicologia, Schleiermacher afirma que o sentimento constitui a faculdade peculiar da vida religiosa. Religião não é conhecimento, assim como não é a atividade que condiciona a vida moral, mas é sentimento. Presença do infinito no finito.[9]

Ambas as teorias, as que negam o conhecimento teórico e as que atribuem apenas o caráter reflexivo da religião, são opiniões unilaterais que reduzem e minimizam a religião e suas “diferentes formas de expressão”, afirma Wach.[10]

Todavia, Wach concorda com Max Scheler, segundo o qual o conhecimento religioso não existe antes de sua expressão cultual. O ato religioso pode ser ato mental [geistiger] de natureza psicofísica.[11] A adoração, por conseguinte, é um dos meios para o crescimento do saber religioso e a linguagem o instrumento que expressa a experiência religiosa. A linguagem religiosa, entretanto, não é neutra, mas traduz a experiência sagrada. É desvelamento e mistério.

Félix-Alexandro Pastor, nomeia a linguagem da experiência religiosa como: doxologia cúltica – expressiva da própria fé, sem excluir referências informativas e normativas –, analogia – de tendências informativas –, e homologia – de caráter normativo.[12] Por conseguinte, múltiplas são as linguagens que traduzem a experiência cúltica e religiosa; elas não se anulam e muito menos se excluem mutuamente, pelo contrário, complementam-se.

Portanto, não há qualquer contradição no fato de o discípulo inquirir como orar em vez de o que é oração. As duas questões encontram-se no epicentro do culto e sintetizam-se na experiência e na linguagem religiosa.
 

Os Sofrimentos da Mulher de Jó

As diversas vicissitudes de Sitis
Mulher esquecida e incompreendida pela modernidade, assim defino inicialmente a mulher de Jó. Este patriarca sim, paladino da fé, suportou todas as vicissitudes e flagelos dócil e humildemente. Ele é símbolo de perseverança, paciência e retidão (Jó 1.1,22), mas a mulher desse sofredor...., no mínimo, ainda é chamada de louca ou néscia (Jó 2.10).

Mulher anônima, a quem a tradição posterior chamou de Sitis, aparece em Jó 2.9,10 e não é mais mencionada no livro, embora nada sugira sua morte, ou abandono do lar.

Ela era uma mulher nobre, respeitada por todos, e considerada afortunada para os mais antigos e de sorte para as donzelas da região. Seu marido era um homem sábio, fiel à sua família, riquíssimo e temente a Deus. O homem mais poderoso do Oriente. Seus filhos, saudáveis e belos. Suas filhas eram mulheres decentes, educadas e belas. Centenas de servas e servos estavam espalhados pela bela casa, fazendas, plantações (Jó 1.3).

Sitis era uma mulher riquíssima que ajudava na administração da casa, dos servos domésticos; um elo de unidade familiar (Jó 1.2). Seus sete filhos e três filhas periodicamente reuniam-se ao redor da mesa para desfrutarem de seus conselhos, sapiência e virtudes (Jó 1.2,4). No período patriarcal o número dez era símbolo de completude, de abundância e prosperidade. Era a mulher mais poderosa, afamada e respeitada de todo o Oriente (Jó 1.3). Jó amava-a muitíssimo; suas filhas provavelmente espelhavam-se no zelo, discrição, beleza e sabedoria da mãe. O lar de Sitis era um paraíso cravado no Oriente (Jó 1.10).

Essa mulher, “ossos dos ossos” e “carne da carne” de Jó, no entanto, viveu as primeiras calamidades da vida do patriarca. Próximo a Jó ouvira que seus servos foram mortos e os seus rebanhos confiscados pelos sabeus. A notícia era ruim, mas suportável. Note a descrição do versículo 13, que destaca a efusiva alegria da reunião familiar na casa de seus filhos (“comiam e bebiam vinho na casa de seu irmão primogênito”), e a calamidade súbita que toma conta do restante da narrativa. Essa narrativa que antecede e moldura as tragédias de Jó será depois desconstruída no versículo 19.

O mensageiro ainda não terminara o anúncio fúnebre quando imediatamente outro mordomo anunciou: “Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os moços, e os consumiu” (v.16). A mulher de Jó fica espantada com a sucessão de tragédias que se sucedem sucessivamente sem cessar. Perde o fôlego, aproxima-se do marido para apoiá-lo... quando então, novamente, outro desastre, dessa vez arquitetado pelos caldeus que, em três bandos, roubam os camelos e ferem os servos (v.17). Mas o pior ainda estava para acontecer. Um servo aproxima-se esbaforido, com ar de cansaço e pesar. Tem receio do que vai dizer. Durante o trajeto ensaiara diversas vezes, até soltar o verbo flamífero: “Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo, eis que um vento muito forte sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram” (Jó 1.18,19). O vento da desventura e sortilégio, gélido como a morte, implacável como a desgraça. Quem é suficiente forte para resistir suas lanças inflamadas? Como reagir diante de tanta calamidade e dor?

Sitis chora amargamente a morte de seus filhos. Se isso não bastasse, vê o seu marido rasgar suas vestes, rapar sua cabeça e cumpridas barbas, símbolos de sua posição social superior, e lançar-se em terra adorando a Deus. Apesar da dor que aflige sua alma abatida olha com carinho e respeito o gesto humilde e devoto de seu marido. Somente a fé e a comunhão com Deus dão ao aflito a esperança e a força para vencer as vicissitudes. É nessas ocasiões que a comunhão do crente com Deus faz toda a diferença. A resiliência e o ânimo para continuar a lida depois de uma grande calamidade são resultados de uma vida de fé, comunhão com Deus e relacionamentos corretos. Jó, como os pequenos ribeiros orientais em período de estio, vê a sequidão tomar conta de si, no entanto, estivera durante muito tempo da vida plantado junto a ribeiros de águas; suas folhas não murchariam e os seus frutos viriam na estação própria (Sl 1). Dizia um antigo provérbio oriental que o “justo nunca será abalado” (Pv 10.30).

Os dias de luto ainda não estavam completos. Parentes distantes e amigos próximos reuniam-se na casa de Sitis para apoiá-la e ao marido, Jó. Os melhores amigos nascem nos períodos de sequidão e angústia (17.17). Autoridades do Oriente chegavam à casa do infortúnio. Ouvia-se os murmúrios das carpideiras, que se revezavam em seus turnos.  Os cancioneiros entoavam suas elegias, e os sábios do Oriente procuravam entender a tragédia humana. Sitis chorava desconsoladamente. A dor e angústia apertavam seu corpo, como se a estivessem comprimindo em um pequeno vaso de cerâmica. Olhava para Jó e se inspirava na fé, piedade e devoção de seu marido. Ele em nenhum momento blasfemou ou se queixou de sua sorte (Jó 1.22). Junto aos sábios do Oriente, ouvia-o dizer: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21). Todos ouviam, admirados, a fé e perseverança de Jó em Deus. Procuravam algum altar na casa, ou artefatos que materializassem o Deus de Jó, mas nada encontravam. Diferente dos tolos adoradores de ídolos do Oriente, Jó confiava no Deus Invisível, Espírito eterno e imutável em seu ser.

Passados os dias de luto, Sitis e Jó procuravam retomar as atividades diárias. Todavia, sentiam dificuldades de recomeçar. Reconstruir a casa que desabara sobre as crianças era uma dúvida latente. Aquele lugar trazia boas recordações. O lugar que as crianças cresceram e a velha árvore com as marcas de suas brincadeiras traziam lembranças tão vívidas como o vento outonal que derrubava as folhas das árvores e pintavam o chão de tons marrons e cinza. Nada diziam um ao outro, apenas apertavam firmemente as mãos. Todas as palavras foram expressas naquele aperto de mãos. Nunca saberemos exatamente o que disseram. Apesar da tristeza, estavam unidos, apoiando um ao outro.

Alhures, absorto com os últimos acontecimentos, Sitis percebe que pequenas chagas começam alastrar-se sobre o corpo de seu marido. Imediatamente, os melhores médicos são consultados, especialistas na arte da cura entram e saem da casa do patriarca. Sitis se mantém firme cuidando de Jó; tratando das feridas de seu amado; procurando suavizar a dor com as especiarias, óleos de vários gêneros, alguns importados. A chaga se espalha mais ainda, desde a planta do pé até ao alto da cabeça (Jó 2.7). Longe de Jó ela chora, sente as lágrimas quentes caminharem pelas linhas de sua pele até caírem e se desfazerem lentamente ao chão. “Senhor porque me provas?”, murmurava. “Não basta os meus filhos?” “Agora tu queres o meu marido Jó?”, balbuciava. Os médicos diagnosticaram que a doença era maligna, incurável. Erupções e prurido intenso destilavam do corpo de Jó (2.7,8). Os bichos insaciáveis se alimentavam do corpo putrefato (7.5), e os ossos daquele homem forte se desfaziam como torrão de madeira apodrecida (30.17). A pele de Jó perdera toda elasticidade, suavidade e beleza (30.30). Até no sono era atormentado por pesadelos (7.14). Sitis olhava para todo aquele sofrimento. O cheiro dos florais da primavera paulatinamente foi expulso por uma mistura de pus, sangue e carne putrefata. Nem ela mesma conseguia cuidar de seu marido. A praga alastrara por toda casa. Ela gastara as últimas reservas financeiras no tratamento do marido moribundo. Investira todos os seus recursos para curar a Jó, mas a sentença médica era apenas uma: “Nada podemos fazer, só um milagre”. Sitis sofria, inconsolável... A esperança escapava por entre os seus dedos como as águas ribeirinhas. Lembrava dos momentos em que ela era considerada uma mulher bem-aventurada, rica, com filhos e filhas para lhe consolar, um marido próspero que a amava. Mas agora, tudo lhe havia sido tirado, à uma. O que você faz quando a calamidade bate à sua porta e, sem pedir licença, carrega para sua família toda desventura conhecida? A quem você recorre?

Certo dia, Sitis vê o seu marido no meio da cinza com um pedaço de cerâmica raspando as feridas. Olha e um sentimento acre-doce lhe invade a alma aflita. O grande príncipe Jó no monturo da cidade, como um pária. Sitis perde definitivamente a esperança. Aproxima-se do moribundo, sente pena do marido, fecha os olhos, aperta-os e a seguir dispara: “Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2.9). Nenhum sofrimento pode ser maior do que a confiança e fidelidade a Deus. O Senhor jamais permitirá que sejamos tentados acima de nossas forças. Sitis achava que já havia chegado ao limite.

Assim como os servos de Jó foram preservados da morte para levarem a notícia calamitosa ao patriarca, a esposa parece que fora guardada todo esse tempo para destalingar esse último chicote. Sem o saber, pensando que a morte seria a melhor solução para o marido, Sitis empresta sua boca ao Tentador incitando Jó a se rebelar e amaldiçoar a Deus. O que você faz quando toda a esperança se esgota? Sitis em vez de confiar em Deus acima de todas as coisas; em vez de amar ao Senhor pelo que Ele é, deixou-se levar pelas circunstâncias atrozes, fundamentada em um relacionamento de troca com Deus. Para muitos a morte é a solução para uma vida de infortúnios e desajustes domésticos. Contudo, sempre há uma esperança para aqueles que confiam em Deus.

Jó olha para sua esposa, e a fita com ternura e carinho. Sitis sente o tempo congelar por alguns instantes. Embora o tabernáculo terrestre de Jó estivesse se desfazendo, seu edifício eterno estava preparado por Deus (2 Co 5.1). Os olhos de Jó traziam um brilho vivaz, contagiante, embora todo o restante dissesse o contrário. Lembrava muito o olhar de Jesus quando Pedro o negou. Carinhosamente afirma: “Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal?” (Jó 2.10). O sábio Jó afirmara que sua esposa, em seu desespero e dor, falava como uma pessoa sem entendimento; como alguém que ele não conhecia. Sitis fica desconcertada diante da afirmação do marido. Reflete a respeito do assunto. Lembra das muitas orações de Jó feitas em gratidão ao Senhor. E ali mesmo reconsidera... Cala-se e desaparece do cenário até o final do livro de Jó quando Deus restitui-lhe todas as coisas. Embora não seja mencionada no final do livro, não há razões para se duvidar de sua presença. Ela é a esposa incansável que esteve com o marido nos piores momentos e circunstâncias, mas que, em certo momento, perdeu as esperanças, mas a recobrou através da piedade e devoção de seu marido.

As Três Dimensões do Caráter Cristão

Semeia-se um hábito e colhe-se um caráter. Semeia-se um caráter e colhe-se um destino.
Caráter, sua dimensão etimológica
O termo "caráter" procede do grego "charaktēr" e significa literalmente "estampa", "impressão", "gravação", "sinal", "marca" ou "reprodução exata". O vocábulo português encontra-se na Almeida Revista e Atualizada (ARA), nos texto de Mt 10.41 e Fp 2.22. Porém não traduz o original "charaktēr", mas o grego "onoma" (nome) nas duas ocorrências mateanas e "dokimē" (qualidade de ser aprovado) em Filipenses. A tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC) verte a palavra na perícope de Mateus por "qualidade de profeta" e "qualidade de justo". A Nova Versão Internacional (NVI), traduz por "porque ele é profeta", "porque ele é justo". Não há qualquer contradição nas traduções, uma vez que o substantivo "onoma" permite qualquer uma dessas versões. Em o Novo Testamento, "onoma" significa "pessoas" em Ap 3.4, "reputação" em Mc 6.14 e possivelmente "caráter" em Mat 6.9. O nome (onoma) no contexto hebreu corresponde "as qualidades de uma pessoa". Logo, a tradução de "onoma" refere-se à natureza ou categoria do trabalho realizado pelo discípulo de Cristo, e, não necessariamente ao "caráter", como virtude moral.
Já o vocábulo "dokimē", traduzido por "caráter" (ARA), "experiência" (ARC) e "aprovado" (NVI), possui o mesmo sentido de Rm 16.10, isto é, "testado e aprovado". O termo, nesse contexto, sanciona a qualidade moral e a experiência dos personagens envolvidos – Apeles e Timóteo foram testados e aprovados como bons obreiros de Cristo. Literalmente o termo significa "a qualidade de ser aprovado". Essa aprovação somente é ratificada depois que o "caráter" foi minuciosamente testado. A única ocorrência da palavra "charaktēr" em seu sentido verbal e imediato encontra-se em Hebreus 1.3. No exórdio epistolar, o literato afirma que nosso Senhor Jesus Cristo é "a expressa imagem" da pessoa de Deus. Ele é o "charaktēr" – a "estampa", a "gravação" ou "reprodução exata" – da "hypóstasis"("substância", "essência" ou "natureza") do próprio Deus.
Um outro termo grego usado para definir o substantivo “caráter” é “ēthos”. Porém, algumas explicações são necessárias. A ética filosófica costuma distinguir entre ēthos e ethos. A diferença está na vogal longa “ē” (ē – thos) que, infelizmente, não possui corresponde em língua portuguesa. Quando os gregos falavam em ethos, com vogal breve, referiam-se à “ética” (ethiké), em latim, mores, isto é, moral. O termo aludia aos costumes sociais que eram considerados valores necessários à conduta do cidadão na pólis (cidade).
Todavia, empregavam “ēthos” quando desejam descrever o caráter e o conjunto psicofisiológico de uma pessoa. Por extensão, “ēthos” se refere às características peculiares de cada pessoa. Esses traços individuais determinavam as virtudes e os vícios que um cidadão da pólis era capaz de levar a efeito. Essas peculiaridades são explicitamente resgistradas por Aristóteles em Ética a Nicômaco. O termo ethos diz respeito aos costumes sociais (At 6.14; 25.16), mas ēthos ao senso de moralidade e à consciência ética de cada pessoa (1 Co 15.33). Os costumes (ethos) designam os valores éticos ou morais da sociedade, enquanto ēthos às disposições do caráter diante de tais valores. Contudo, enquanto na filosofia aristotélica a virtude definia a relação do sujeito com a pólis, no Cristianismo, define, primeiramente, a relação do homem com Deus e, somente depois com os homens.
Daí as duas principais virtudes do Cristianismo serem a fé e o amor. Como observamos, o caráter é a "marca" pessoal de uma pessoa. O "sinal" que a distingue dos outros e pela qual o indivíduo define o seu estilo, a sua maneira de ser, de sentir e de reagir. Também pode ser definido como o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. O caráter, por conseguinte, não apenas define quem o homem é, mas também descreve o estado moral do homem (Pv 11.17; 12.2; 14.14; 20.27).

Caráter, sua dimensão distintiva
O caráter é distinto do temperamento e da personalidade, embora esteja relacionado a eles. O temperamento refere-se ao estado de humor e às reações emocionais de uma pessoa – o modo de ser. A personalidade envolve a emoção, vontade e inteligência de uma pessoa – aquilo que o individuo é. O caráter, influenciado pelo temperamento e personalidade, é o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta – como a pessoa age. Observe, porém, que uma das características que compõe o ser humano é imutável, inata (temperamento), outra é o desenvolvimento geral dos traços personalógicos do sujeito em determinado momento (personalidade). O caráter, por sua vez, embora intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da personalidade, forma-se em paralelo a ela. Assim como o desenvolvimento físico de uma criança nos primeiros anos é paralelo ao desenvolvimento mental, o caráter é formado à medida que a personalidade vai sendo construída.  Portanto, o caráter é a forma mais externa e visível da personalidade.
Segundo Aristóteles, a disposição moral (caráter) é adquirida ou formada no indivíduo pela prática. Afirma um antigo provérbio que ao “semear um hábito, o indivíduo colhe um caráter”. O caráter, segundo a sabedoria dos antigos, é o resultado de um hábito interiorizado, aprendido através do exercício contínuo das virtudes ou dos vícios. Não deve ser confundido com as paixões (ira, desejos, ódio), muito menos com as faculdades (razão, emoção e vontade), pois essas categorias são naturais, próprias do ser. Consequentemente, a experiência é o palco no qual o caráter age. De acordo com Schopenhauer essa é uma das razões pela qual o caráter é empírico, pois somente com a experiência é que se pode chegar ao seu conhecimento, não apenas no que é nos outros, mas tal qual é em nós mesmos. Afirma o filósofo alemão que “quem praticou determinado ato, tornará a praticá-lo assim que se apresentem circunstâncias idênticas, tanto no bem como no mal”.
Assim sendo, a personalidade determina a forma como o indivíduo se ajusta ao ambiente, mas o caráter o modo como a pessoa age e reage nesse contexto social. Já o temperamento, segundo a definição histórica dos helênicos, designa o “tempero sanguíneo” do organismo. Os sábios da Hélade sabiam muito bem que o temperamento é profundamente influenciado pela composição bioquímica do sangue, pela hereditariedade, constituição física e pelo sistema nervoso. Por ser biológico, hereditário e internalizado no indivíduo pode ser controlado, mas jamais mutável. O caráter, no entanto, é o “sinal psíquico” do indivíduo, que determina-lhe a conduta. Porém, é desenvolvido, educável e mutável. Mediante o temperamento, a personalidade e o caráter, o indivíduo afirma sua autonomia; passa a ter consciência de si mesmo como ser humano e também que tipo de pessoa é. Essa descoberta existencial é um processo contínuo.

Caráter, sua dimensão antropoteológica
Deus criou o homem em duas fases distintas. Na primeira o Eterno forma (hb. asah) a parte somática, corporal e visível do homem, a partir do “pó da terra” (Gn 2.7a). Esse primeiro estágio é chamado de criação mediata ou formativa. Na segunda fase Deus cria (hb. bara) o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27; 2.7b). Essa imagem entende-se por moral e natural. A natural diz respeito àquilo que o homem é: ser racional (intelecto), emocional e volitivo (vontade). A moral relaciona-se à constituição do caráter, da moral e da ética.  Diz respeito à constituição moral do homem, suas disposições intrínsecas que inclui o caráter e a qualidade deste: justo e santo. Antes da Queda, o homem era perfeito em santidade, retidão e justiça. Essas qualidades não procediam do próprio homem, mas eram reflexos dos atributos morais e imanentes do Senhor. Os atributos morais de Deus se refletiam na constituição do sujeito (Ef 4.24; Lv 20.7; 1 Jo 2.29; 3.2,3). Porém, após a Queda, a natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23). Em lugar da justiça, o seu antagônico; em vez da santidade o seu oposto; em oposição à virtude o vezo (Gl 5.19-22). Somente a obra salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante a ministração do Espírito Santo, é capaz de revestir o homem de uma nova natureza, criada segundo Deus, “em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24; 1 Co 1.30).
É o Espírito Santo que transforma o pecador à semelhança da natureza e do caráter de Cristo (2 Co 3.18; 2 Pe 1.3-7). Portanto, para que você se torne o homem ou a mulher que Deus deseja é necessário que o seu temperamento, personalidade e caráter se tornem subservientes dos projetos de Deus para a tua vida. Até que Deus prevaleça sobre nossas vidas (2 Co 2.14), alguns precisam ser jogados numa cisterna, como José (Gn 37.20); outros, ser alimentado por corvos, como Elias (1 Rs 17.6); e, alguns, apresentar sua língua aos serafins, como fez Isaías (Is 6.6,7). O caminho que Deus escolhe para forjar o caráter de seus cooperadores algumas vezes é íngreme e inóspto. Mas, quando eles saem da fornalha, é perceptível até mesmo para os pagãos que eles andaram com o quarto Homem na fornalha (Dn 3.25-27). Deus jamais chamou alguém para uma grande missão sem que esse escolhido passasse por uma profunda transformação moral.
Se desejas que o Deus de José, Elias e Isaías realize em você o mesmo que fez com eles, coloque o seu caráter no altar do Espírito; apresente a sua personalidade Àquele que a todos transforma segundo a imagem de Cristo. Só assim serás a pessoa que Deus deseja que você seja.

Escolhi a Estônia porque europa está longe de Deus`

Em entrevista pastor Jaerock Lee conta como será conferência
´Escolhi a Estônia porque europa está longe de Deus`
Em uma coletiva de imprensa o pastor da igreja coreana Manmin, Dr. Jaerock Lee, falou sobre a conferência que será realizada na Estônia nos dias 30 e 31 de outubro e sobre a mornidão espiritual da Europa.

Ele falou sobre o apoio financeiro e expectativa para o festival. Além disso, discutiu o trabalho social das igrejas na Coreia e na Estônia. Estavam presentes representantes da mídia cristã e secular.

Pastor Jaerock Lee disse que o apoio financeiro do festival é realizado pela Igreja Manmin. Também compartilhou a Palavra que Deus lhe deu sobre a Estônia e disse por isso que decidiu realizar o festival em um pequeno país europeu.

Lee é convidado para visitar centenas de países pelo mundo, mas nem sempre pode ir. "Tenho que ouvir a voz do Espírito Santo, em primeiro lugar, e se Deus me permitir, eu vou. Quanto à Estônia, Deus me disse que os europeus estão longe de Deus e que eu deveria ir até lá para despertá-los espiritualmente”.

Lee vai testemunhar o poder de Deus e fazer com que as pessoas entendam que Deus está vivo e Jesus Cristo é o Salvador. Ele pretende transmitir a Palavra de forma clara e objetiva para que os europeus possam ser salvos.

Pastor Lee conta que com este festival será possível experimentar a beleza cultural da Estônia e da Coreia do Sul, no entanto, o mais importante é a Palavra de Deus.  "Só através da Palavra de Deus que as pessoas poderão compreender as verdades de Deus e viverem felizes. É importante para nós o intercâmbio cultural entre a Estônia e a Coréia. Mas a beleza que vai prevalecer é a beleza do Reino Celestial", finaliza.

Museu da Bíblia sedia encontro de pessoas com deficiência visual

A iniciativa integra o programa A Bíblia para Pessoas com Deficiência Visual
Museu da Bíblia sedia encontro de pessoas com deficiência visual
Pelo quarto ano consecutivo, o Museu da Bíblia sediou o Encontro de Deficientes Visuais e instituições que trabalham com este público. Promovido pela Sociedade Bíblica do Brasil, o evento foi realizado esta semana. A iniciativa integra o programa A Bíblia para Pessoas com Deficiência Visual, mantido há mais de 15 anos pela SBB.

A programação teve início com a palestra A Bíblia como Instrumento de Inclusão Social, proferida pelo secretário de Comunicação e Ação Social da SBB, Erní Seibert. Depois de dar as boas-vindas, Seibert destacou que uma das riquezas da humanidade são as diferenças. “A Bíblia é um livro de inclusão social. No texto bíblico aprendemos os princípios que tornam possível a inclusão: o amor, o perdão e a tolerância. É por isso que a SBB utiliza a Bíblia como livro que promove a inclusão. Inclusão significa conviver com a diferença, como é o exemplo de Cristo”, ressaltou o secretário.

Os organizadores convidaram os participantes que ainda não se cadastraram a integrar o programa A Bíblia para Pessoas com Deficiência Visual. A SBB produz, desde 2002, a Bíblia Sagrada completa em braile, na língua portuguesa, cujos exemplares são distribuídos gratuitamente a mais de 2,5 mil pessoas cadastradas, juntamente com o material em áudio. Além disso, a entidade desenvolve outros projetos que focam as pessoas com deficiências. “No próximo ano, já devemos ter a primeira porção bíblica em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), contemplando, com isso, um grande contingente de pessoas com deficiência auditiva”, anunciou Seibert.

Os participantes do encontro assistiram ao filme Coração do Pai, baseado na parábola do filho pródigo. A audiodescrição ficou a cargo da doutora em linguística, Lívia Motta. “Este é um recurso que amplia a informação para pessoas com deficiência em espetáculos e eventos variados.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Japão recebe festival evangelístico Franklin Graham

Mais de 1.765 se entregaram a Cristo nos três dias do evento
Japão recebe festival evangelístico Franklin Graham Durante três dias o pregador americano Franklin Graham realizou um festival evangelístico no Japão. O evento terminou no domingo com mais 400 decisões para Cristo, somando 1.765.

O festival de Kansai, realizado em Osaka, culminou com os esforços de centenas de igrejas, muitas delas tinham convidado Graham para pregar na região de Kansai, que representa cerca de um quarto da população japonesa.

O diretor do festival, Chad Hammond conta que as pessoas vão olhar para trás da mesma forma que olhavam para a cruzada realizada por Billy Graham, há 30 anos. "Eles vão lembrar que Franklin Graham veio para Kansai em 2010 e começou um processo de mudança em Cristo", comentou.

O Festival de Kansai foi um dos maiores encontros de cristãos na história de Osaka, a maior cidade na região de Kansai, e levou dois anos para se preparar.

A festa foi precedida por uma visita de dez dias de Alfie Silas da Coomes Tommy Band, incluindo o Festival Osaka Ladies que atraiu 3.217 pessoas e um Festival para as crianças que atraiu mais de cinco mil baixinhos.

Para os líderes cristãos japoneses, o festival foi um evento necessário, não só para trazer pessoas a salvação, mas também para incentivar nova vida em igrejas na região de Kansai.

Algumas igrejas sofrem de envelhecimento e outras nem têm pastores. "A frequencia na Escola Dominical é baixa e alguns seminários e departamento já teológico fecharam. Há muito poucos jovens em nosso país a assumir o papel de líderes", relatou o reverendo Yoshikazu Takada, presidente executivo do Festival de Kansai.

Apesar das lutas, que foram agravadas pela economia lenta do Japão, as altas taxas de suicídios, relatos de violência escolar e doméstica, as igrejas tinham esperança de encontrar o Festival de Kansai, que foi apoiado por líderes de igrejas de outras cidades, incluindo Sapporo, Fukuoka Hiroshima e Tóquio.

Quando Graham foi perguntado como o sucesso do evento seria medido, ele disse aos jornalistas que o sucesso de qualquer reunião evangélica depende da oração. "Se apenas uma pessoa entregasse sua vida a Jesus Cristo, o evento seria bem-sucedido", respondeu ele.

Com o Festival de Kansai acabou, Graham vai preparar o próximo festival evangelístico, que será realizada em Riga, Letônia. Festival de Graham levará esperança ao país do norte da Europa do dia 5 a 7 de novembro.

sábado, 23 de outubro de 2010

Parábola da Ovelha, da Dracma e do Filho Pródigo

Parábola da Ovelha, da Dracma e do Filho Pródigo

Rodolfo Calligaris
Relata Lucas que, certa vez, entrando Jesus na casa de um dos principais fariseus para tomar refeição, achegaram-se a ele muitos publicanos e pecadores para ouvi-lo. Em sua muita indulgência, o Mestre a ninguém repelia, o que deu ensejo a que alguns circunstantes, escandalizados, se pusessem a murmurar, dizendo: Olhem, como este homem acolhe os pecadores, e até come com eles. Respondendo a essa crítica, Jesus pronunciou três parábolas em que salienta a solicitude de Deus para salvar os que se perdem. Hei-las, tal como foram registradas por aquele evangelista: "Qual de vós outros é o homem que tem cem ovelhas e, se perde uma delas, não deixa as noventa e nove, e vai buscar a que se havia perdido, até que a ache? E que, depois de a achar, a põe sobre seus ombros, cheio de gosto, e, vindo a casa, chama os seus amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Congratulai-vos comigo, porque achei a minha ovelha, que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior jubilo no céu sobre um pecador que fizer penitência, que sobre noventa e nove justos que não há mister de penitência” (Mateus, XVIII, 12-14; Lucas, XV, 3-7).
Ou que mulher há que, tendo dez dracmas, e, perdendo uma, não acenda a candeia e não varra a casa, e não a busque com muito empenho, até que a ache? E que, depois de a achar, não convoque as suas amigas e vizinhas, para lhes dizer: Congratulai-vos comigo, porque achei a dracmas que tinha perdido” (Lucas, XV, 8-10).
Assim vos digo eu que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um pecador que faz penitência. Disse-lhes mais: Um homem teve dois filhos e disse o mais moço deles, a seu pai: Pai dai-me a parte da fazenda que me toca. E ele repartiu entre ambos a fazenda. Passados não muitos dias, entrouxando tudo o que era seu, partiu o filho mais moço para uma terra muito distante, país estranho, e lá dissipou toda a sua fazenda, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sucedeu haver naquele país uma grande fome, e ele começou a sentir necessidades. Retirou-se, pois, dali e acomodou-se com um dos cidadãos da tal terra. Este, porém, o mandou para os seus campos, a guardar os porcos. Aí, desejava ele encher a sua barriga de “lavagem”, das que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Até que, tendo entrado em si, disse: "Quantos jornaleiros há, em casa de meu pai, que têm pão em abundância, e eu aqui pereço á fome" Levantar-me-ei, irei procurar meu pai, e dir-lhe-ei: Pai pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze de mim como de um dos teus jornaleiros . Levantou-se, pois, e foi ao encontro de seu pai. E quando ele ainda vinha longe, viu-o seu pai, que ficou movido de compaixão, e, correndo, lançou-lhe os braços ao pescoço, para o abraçar, e o beijou. E o filho lhe disse: Pai pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Então disse o pai aos seus servos: Trazei depressa o seu melhor vestido, e vesti-lho, e metei-lhe um anel no dedo, e o sapato nos pés; trazei também um vitelo bem gordo, e matai-o, para comermos e nos regalarmos, porque este meu filho era morto, e reviveu, tinha-se perdido, e achou-se. E começaram a banquetear-se. Seu filho mais velho estava no campo, e, quando veio e foi chegando a casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe que era aquilo. Este lhe disse: E' chegado teu irmão, e teu pai mandou matar um novilho cevado, porque veio com saúde. Ele então se indignou e não queria entrar; mas, saindo, o pai começou a rogar-lhe que entrasse, ao que lhe deu esta resposta: Há tantos anos que te sirvo, sem nunca transgredir mandamento algum teu e nunca me deste um cabrito para eu me regalar com meus amigos; mas, tanto que veio este teu filho, que gastou tudo quanto tinha com prostitutas, logo lhe mandaste matar um novilho gordo. Então lhe disse o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu; era, porém, necessário que houvesse banquete e festim, pois que este teu irmão era morto, e reviveu, tinha-se perdido, e achou-se” (Lucas, XV, 11-32).
Estas três parábolas, como se nota claramente, podem reduzir-se a uma só, pois sua idéia central é a mesma: a salvação de todas as almas.
Jesus previa, porém, que seus ensinamentos seriam desnaturados pelas agremiações religiosas, pressentia que iriam desfigurar completamente o caráter paternal de Deus, qual ele no-lo veio revelar, e, por isso, deixou-nos aqui esta tríplice afirmação do Seu amor e de Sua misericórdia, num solene e formal desmentido às penas eternas do inferno.

I

Procuremos entender bem, num exame mais profundo, os belíssimos ensinamentos contidos em cada uma dessas três parábolas.
As cem ovelhas da primeira são o domínio universal de Deus.
Cem, número perfeito, simboliza a totalidade dos seres que compõem as humanidades espalhadas pelas inumeráveis moradas da casa do Pai.
A ovelha desgarrada somos nós, os terrícolas, espíritos rebeldes à Lei de Deus.
O pastor dessa ovelha é Jesus, o governador do planeta Terra.
Como é que os lanígeros se perdem?
Pelo apetite. Atraídos pelas ervas tenras de certas regiões, vão-se afastando cada vez mais do pastor, a ponto de não mais poderem ouvir-lhe a voz, quando, à tarde, ele os chama para o retorno ao aprisco.
Também nós outros, em nossa jornada evolutiva, temo-nos transviado pelas desordens do apetite. Deixamo-nos seduzir pelo mundanismo; andamos à cata de gozos e conquistas materiais; familiarizamo-nos com os vícios, que se degeneram em maus costumes; entregamo-nos às paixões e aos excessos de toda a ordem; movidos pela ambição, enveredamos, muitas vezes, pelos ínvios caminhos do crime; desorientamo-nos, afinal, em tão sinuoso labirinto, e, entregues ao desespero, já não atinamos como voltar para a companhia de nossos irmãos situados em melhor plano .
Assegura-nos, porém, a parábola, que não ficaremos perdidos para sempre, pois Jesus, “O bom pastor, que dá a própria vida pelas suas ovelhas" (João, 10:11), virá a nossa procura até que nos encontre e nos ponha a salvo.
Não há aqui a menor sombra de dúvida. A locução conjuntiva "até que" expressa fielmente que o pegureiro que nos apascenta não descansará enquanto não alcançar o seu objetivo, isto é, enquanto não realizar sua obra de redenção.
E: assim como o pastor congrega amigos e vizinhos, também ele reúne seus cooperadores e lhes diz: "Alegrai-vos comigo porque achei a minha ovelha, que se achava perdida".
Notemos que Jesus não diz: alegrai-vos com a ovelha encontrada, mas sim: "alegrai-vos comigo", patenteando assim toda a afeição que nos devota. Porque muito nos ama, a nossa vida, a nossa salvação é que constitui a alegria, dele!
Notemos ainda que a ovelha transviada não foi tratada brutalmente, não recebeu qualquer açoite, antes foi reconduzida aos ombros, com desvelo e carinho.
Isso significa que Deus não extermina os que fracassam, os que erram e se extraviam; encontra sempre um meio de enviar-lhes o necessário socorro, pois somos criaturas Suas, pertencemos-lhe, e, como disse sabiamente alguém: "as obras de Deus não foram feitas para morrer".
A corroboração deste raciocínio temo-la nesta outra afirmativa do Cristo: "Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas à vontade d'Aquele que me enviou, e esta é à vontade daquele Pai, que me enviou: que nenhum eu perca de todos aqueles que ele me deu." (João, 6:38,39).

II

A parábola da dracma dá-nos a compreender que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, visto que nessa moeda acha-se esculpida a efígie do rei.
Jesus, prefigurado pela dona de casa, enquanto procura a moeda que se perdeu, conduz uma lanterna acesa. Essa lanterna, ou seja, essa luz que ele traz na mão, é o Evangelho, é a doutrina cristã, a cujo clarão todos quantos se acham envoltos nas trevas da ignorância e da iniqüidade serão, afinal, encontrados.
A varredura é a representação dos trabalhos, dos sofrimentos e expiações por que temos que passar, até que nos expurguemos de todas as mazelas, de todas as imperfeições, sejamos, enfim, arrancados do pó e readquiramos o brilho característico da pureza.
Dessa tríade de parábolas, como já dissemos, ressalta um mesmo axioma inconteste: a unidade do destino, a salvação de todos, por via da lei do progresso que rege o universo.
O justo já foi pecador, o pecador há de tornar-se justo; daí o júbilo entre os anjos (justos) no céu, por um pecador que se arrepende e se regenera.

III

Na terceira parábola com que Jesus respondeu aos murmuradores que o censuravam por conviver com gente de má fama, sobressai, em toda a sua crueza, a culpa dos pecadores, e, com esse pormenor, mais ainda se realça a infinita bondade divina.
Após receber todos os haveres que lhe couberam em partilha, o moço afasta-se de seu pai para uma terra distante, esquece-o, e, entregue a uma vida de desregramentos, afunda-se na miséria.
E' o que acontece também a nós outros, em relação a Deus: apartamo-nos d'Ele, não pela distância, porque Deus está em toda à parte, mais pelo coração, e, olvidando-lhe as leis, entregamos nossa alma a toda a sorte de desatinos, perdendo a retidão do juízo, a candura do sentimento, a sensibilidade da consciência e o discernimento justo do bem e do mal.
Vendo-se arruinado, o pródigo coloca-se, então, sob a dependência de um dos moradores da tal terra e é mandado a guardar o gado imundo. Ali, quer saciar-se com aquilo que dado como alimento aos animais de seu amo, mas o que lhe dão deixa-o a desfalecer de fome.
O que a parábola aqui nos ensina é que as vaidades mundanas, as sensualidades grosseiras e suínas, com as quais muitos se comprazem, tal qual as cascas sem substâncias (repasto dos porcos), que só enchem e pesam, mas não alimentam, ao cabo de algum tempo conduzem fatalmente à fome de espírito e de coração, como a sentiu afinal o nosso estróina.
Nessa situação aflitiva, cai em si, recorda-se do pai e resolve voltar a pensares, certo de que ele lhe há de perdoar.
Isto nos faz compreender a missão providencial da dor. Quando na terra tudo nos corre às mil maravilhas, nem sequer cogitamos se Deus existe ou deixa de existir. Visite-nos a desgraça, porém, e nossa alma, quebrantada, logo se volta para o céu, porque só de lá nos podem vir às consolações e o refrigério de que necessitamos.
Põe-se então a caminho - continua a historieta - e "quando ainda vinha longe, viu-o seu pai". Não se contém, não espera que o filho se aproxime, que lhe fale e se humilhe. Corre-lhe ao encontro, abraça-o e beija-o enternecidamente.
- "Pai - exclama o pródigo -, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho".
O pai não lhe dá tempo de acrescentar as palavras que pensara dizer: "Trata-me como um de teus jornaleiros".
Tal é o arrebatamento de seu amor paterno, que, antes mesmo que o filho lhe fizesse uma só confissão do seu passado de prevaricações, vergonhas e dores, já ele o havia acolhido com sua clemência.
E exclama aos seus servos: "Tirai-lhe, esses andrajos e vesti-lhe o seu antigo traje" pois assim me apraz ver restituído o meu filho, em sua primitiva dignidade. "E enfiai-lhe um anel no dedo", símbolo de autoridade senhorial, pois fica reintegrado em seu lugar de filho e herdeiro dos bens paternos; "calçai-o", para que seus pés não se firam pelo chão; "matai um vitelo gordo, e comamos, e regozijemo-nos, porque este meu filho que me morrera, aqui o tenho de novo em meu regaço".
E' exatamente assim que' Deus procede conosco.
A carga de nossos erros impede-nos que nos cheguemos à Sua presença, mas Ele desce até nós, acerca-se de nossas almas penitentes, toma-nos em Seus braços, dá-nos o ósculo de perdão, e, todo ternura, acolhe-nos em Seus domínios. Pai amantíssimo que é, "não quer a morte do filho mau e ingrato, mas sim que ele se converta, que abandone o mau caminho, e viva".
Lição mais consoladora e suave do que esta, não há em todo o Evangelho.
Ninguém se perde, pois não há culpas irreparáveis!
Em nosso relativo livre arbítrio, podemos dilapidar, na satisfação de bastardos apetites, as riquezas que nos foram concedidas pelo doador da Vida.
Virão depois, entretanto, os efeitos dolorosos, e com eles o arrependimento e a resolução de emendar-nos.
E' quando Deus, que lê os nossos mais recônditos pensamentos, vem ao encontro de nosso esforço individual, e, harmonizando os ditames de Sua justiça com a superabundância de Sua misericórdia, enseja-nos, através das reencarnações, os meios de reabilitar-nos, de redimir-nos e de retornarmos, infalivelmente, à glória inefável de Sua companhia.

IV

Essas três parábolas a bem de ver-se, deviam ter deixado descontentes os escribas e fariseus que exprobravam o Mestre pelo bom acolhimento que dispensava aos pecadores.
A parte final da terceira, em que é focalizado o comportamento do filho mais velho, que se recusa a entrar em casa por lá se festejar o retorno do irmão, é lhes dedicada, e retrata com muita fidelidade a pobreza de seus sentimentos e a secura de suas almas.
Existem, ainda hoje, desses tais. São certos tipos de religiosos, dogmáticos e intransigentes, que desejam a todo transe o céu exclusivamente para eles e se indignam à simples idéia de serem acolhidos por Deus também os profitentes de outras crenças, os quais têm na conta de hereges imundos e desprezíveis.
Não obstante se reputem muito justos e fiéis observadores dos códigos divinos, revelam-se tremendamente egoístas e descaridosos, porquanto desejariam monopolizar a herança e o convívio do Pai Celestial e folgariam em ver os outros excluídos, para sempre, dessa felicidade.
Ressalta, ainda, desse episódio, uma verdade proclamada pelo Espiritismo e que a muitos tem passado despercebida: a de que não basta que nos abstenhamos do mal, nem é suficiente que extirpemos as virtudes negativas, para fazermos jus às alegrias do céu. E' necessário, é condição indispensável para isso, que tenhamos desenvolvido em nós o amor.
Haja vista o exemplo do primogênito. Arvora-se em puritano, jacta-se de nunca haver transgredido os mandamentos, mas o seu coração é todo mesquinhez e impiedade, e, devorado por inveja torpe, não percebe que o seu despeito contra o próprio irmão o impede de compartilhar do regozijo que vai pela casa paterna .
Acompanhemos atentamente sua objurgatória e notemos quanto azedume dela ressumbra:
"Há tantos anos que te sirvo - diz ele ao pai -, sem nunca transgredir mandamento algum teu e nunca me deste um cabrito para eu me regalar com meus amigos; mas tanto que veio este teu filho, que gastou tudo quanto tinha com prostitutas, logo lhe mandaste matar um novilho gordo".
Essa linguagem faz lembrar a daquele fariseu que, orando no templo, ereto, cheio de soberba, exaltava os próprios méritos, considerando-se superior a todos os outros homens, cuja oração, entretanto, não foi aceita porque, ao mesmo tempo em que fazia alarde de suas virtudes, se referia com desdém ao publicano, o que constitui falta de caridade, ou seja, de amor ao próximo.
E o primogênito, porque não penetrou na casa do Pai, apesar de instado para que o fizesse?
Também por lhe faltar esse sentimento, eis que não quis ver naquele pródigo o "seu" irmão, cuja volta o devia alegrar, mas apenas um dissoluto, a quem se devesse enxotar.
Termina a parábola do filho pródigo com o primogênito "de fora"; sabemos, todavia, que a vida é eterna e que as portas do céu jamais se fecham, permanecendo abertas para os pecadores arrependidos de todos os matizes.
Assim sendo, uns mais cedo, outros mais tarde, todos hão de "cair em si" e, desse despertar de consciência, dessa contrição sincera, resulta sempre o retorno aos braços amoráveis e ternos do Criador.
Aprendamos, pois, a lição áurea que o Divino Mestre nos deixou: Deus é pai de toda a Humanidade, sem acepção de raça, cor ou crença, e, em Sua sabedoria, sabe como e quando deve agir para atrair a Si cada um de nós.
Conseqüentemente, todos somos irmãos, e, como tal, cumpre nos unamos, nos confraternizemos e nos auxiliemos uns aos outros; alijando de nossos corações o sectarismo, a animosidade e os ciúmes.
Lembremo-nos de que a casa do Pai celestial é suficientemente ampla, e as reservas do Seu amor, inexauríveis, dando, de sobejo, para agasalhar e felicitar a. totalidade de Seus filhos!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010



Justiça tranca ação contra cúpula da Igreja Universal

Decisão estendida aos dez réus, entre eles o bispo Macedo; Ministério Público Estadual pode recorrer
Justiça tranca ação contra cúpula da Igreja Universal
A 16.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou o trancamento da ação penal contra a cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). A decisão é extensiva aos dez réus, entre eles o bispo Edir Macedo, líder e fundador da igreja. O Ministério Público Estadual (MPE) ainda pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Na decisão, a turma julgadora ordena a anulação de todos os atos do processo que tramitava perante a 9ª Vara Criminal de São Paulo, até mesmo a denúncia (acusação formal à Justiça). Por maioria de votos, os desembargadores entenderam que, por se tratar de lavagem de dinheiro transnacional, compete à Justiça Federal analisar o caso.
"As condutas imputadas aos pacientes (acusados) tocam, em tese, o território estrangeiro, imprimindo caráter da "transnacionalidade" ao crime de lavagem de dinheiro de que são acusados", anotou o relator do habeas corpus, desembargador Almeida Toledo. "A lavagem de dinheiro realizada parcial ou totalmente no exterior constitui, por si só, o crime que induz a competência da Justiça Federal." Também participaram do julgamento os desembargadores Pedro Luiz Aguirre Menin e o juiz Guilherme de Souza Nucci.
Esse é o mais pesado revés imposto aos promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do MPE.
Em maio, a 16ª Câmara do TJ-SP havia livrado da ação penal Veríssimo de Jesus, que figurou como diretor das empresas Cremo e Unimetro, por meio das quais o dinheiro arrecadado de forma ilícita pela igreja seria remetido para o exterior, segundo sustenta a acusação.
A decisão de barrar a ação penal contra todos os líderes da Universal teve origem em habeas corpus impetrado pelo criminalista Antônio Sérgio de Moraes Pitombo em favor de Honorílton Gonçalves da Costa e João Batista Ramos da Silva. Eles integram o alto escalão da igreja.
Ramos da Silva foi deputado federal pelo PFL (atual DEM). Em 2005, ele e outras seis pessoas foram detidas pela Polícia Federal, no Aeroporto de Brasília, tentando embargar em um jatinho particular com sete malas cheias de dinheiro - cerca de R$ 10 milhões em espécie.
O habeas corpus subscrito por Pitombo se apoia em dois argumentos: a falta de individualização das condutas criminosas supostamente praticadas pelos réus e a inexistência de indícios capazes de sustentar a acusação. A denúncia, segundo ele, "falha em esclarecer que papéis teriam os pacientes exercido no sentido de viabilizar a suposta cadeia de acontecimentos descrita".
Acusação
A denúncia do Gaeco resulta de dois anos de investigação. Após analisarem a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos acusados, os promotores dizem ter constatado um esquema criminosa sustentado pelo dízimo pago pelos fiéis. Os recursos seriam recolhidos nos templos, transportados em jatinhos particulares e depositados nas contas da Iurd. Em seguida, o dinheiro seria usado para o pagamento de "despesas a empresas prestadoras de serviços controladas pelos acusados", entre elas, a Cremo e Unimetro. Depois, o dinheiro retornaria à Universal e empresas do grupo.
Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) elaborado a pedido do Gaeco listou 87 empresas supostamente beneficiadas por recursos oriundos da Universal, entre elas a própria igreja, a Rede Record, Edminas, a Rede Mulher de Televisão, a Editora Gráfica Universal e Rede Família de Comunicação. Uma apuração à parte, coordenada pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social, foi aberta para averiguar como a igreja empregou os recursos arrecadados.
Em abril, a empresária Cristiana Marini, sócia da casa de câmbio Diskline, confirmou em depoimento aos promotores ter feito remessas para o exterior a pedido de dirigentes da Iurd. As transações financeiras, de R$ 5 milhões por mês, teriam ocorrido entre 1995 e 2001, o que totalizaria cerca de R$ 400 milhões.
A investigação iniciada no Brasil teve desdobramentos no exterior. A pedido do Gaeco, a Promotoria Criminal de Nova York iniciou apuração contra Edir Macedo e outras nove pessoas por suspeita de estelionato, desvio de recursos e lavagem de dinheiro. Mas as provas de movimentação bancária remetidas pelos americanos foram consideradas nulas pelo TJ-SP. Decisão do presidente da corte, desembargador Antonio Carlos Viana Santos, diz que o promotor que requisitou a prova deveria ter pedido autorização a um juiz brasileiro, por se tratar de dados protegidos por sigilo bancário.

sábado, 16 de outubro de 2010

“Meu Deus, estou cego!”

A teologia, a filosofia e a Bíblia
“Meu Deus, estou cego!”

O que é a filosofia? Este vocábulo é formado por dois termos gregos: filos, que traduz a ideia de amor, e sofia, que significa “sabedoria”. A filosofia é, por conseguinte, o amor à sabedoria.

Pertence à filosofia o estudo geral dos seres, do nosso conhecimento e do valor das coisas. Sua finalidade é desvendar as relações de causas e efeitos entre as coisas. Ela abrange os mais diversos tipos de conhecimento. Em termos mais específicos, podemos situar dentro do campo filosófico os estudos que se referem à teoria do conhecimento, os fundamentos do saber científico, a lógica, a política, a ética e a estética.

Muitos têm dito que a filosofia é uma coisa tal, que sem a qual o mundo continua tal e qual. E afirmam também, de modo desdenhoso, que filósofo é alguém que, levando toda a vida na miséria, cria teorias sobre a miséria de toda a vida. Não acredito nisso. Para mim, a filosofia é uma ciência fascinante, que estimula os indivíduos a pensarem e os coloca em contato com grandes pensadores do passado. Mas, se ela for supervalorizada, a ponto de tornar-se a fonte primária de autoridade para um teólogo, em detrimento da Palavra de Deus, problemas surgirão.

Conta-se que um jovem aprendiz de filósofo, passando por uma grande crise existencial, resolveu pensar, pensar, pensar... até conseguir uma resposta para o seu problema. Com o objetivo de descobrir quem ele era de fato e o que estava fazendo no mundo, pensou: “Eu não sou ninguém... Mas, sabe de uma coisa? Ninguém é perfeito...” E continuou estabelecendo conexões: “Espera aí. Deus é perfeito” — pensou. — “Logo, eu sou Deus!”

Ainda admirado com a sua descoberta, o rapaz pensou mais um pouco e afirmou, dialogando consigo: “Não devo ficar triste, pois Deus é amor. É... mas o amor é cego... Bem, Stevie Wonder é cego. Então, eu sou Stevie Wonder!” Mas, antes que ele vibrasse com a sua nova descoberta, pensou mais um pouco e concluiu: “Meu Deus, estou cego!”

O “causo” anedótico acima, usado para exemplificar erros de lógica, pode ser tomado também para enfatizar que, em teologia, o exercício do pensamento sem a devida orientação da Palavra de Deus e a iluminação do Espírito pode conduzir um pensador a conclusões absurdas. Afinal, o homem natural não pode compreender as coisas do Espírito de Deus (1 Co 2.14). Ele precisa aceitar pela fé as verdades contidas nas Escrituras.

Sabemos que é da natureza da filosofia não se conformar com respostas únicas, definitivas, rígidas e estáticas, como: “Todos pecaram” (Rm 3.23) ou “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6). É função da filosofia dizer o contrário, sempre, haja vista a sua riqueza residir na pluralidade, na valorização do questionamento e na problematização. Ah, então os estudiosos da Bíblia estão proibidos de pensar e questionar? Não! Mas os questionamentos e o exercício da lógica humana, ao meditar numa passagem da Palavra de Deus, devem ter como objetivo assimilar as verdades reveladas pelo Espírito Santo, e não conceber “verdades” próprias.

A filosofia busca, também, desenvolver no indivíduo o senso crítico, o que, para o crente em Jesus, pode ser positivo ou negativo. Positivo, se estivermos submissos ao Espírito Santo e conscientes de que a Bíblia é a Palavra de Deus. Negativo, se confiarmos em nosso limitado raciocínio (Sl 25.14; Mt 11.25). Embora pensar seja importante, não devemos nos valer da finita lógica humana para questionar as verdades da Palavra de Deus, como fazem os unicistas, ao negarem, erroneamente, a inquestionável doutrina da Trindade.

Portanto, em vez de pensarmos que sabemos tudo mediante a lógica humana, oremos como o salmista: “Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei” (Sl 119.18). Isso denota submissão, humildade, para aceitar a revelação divina. E muitos teólogos não querem se submeter à Palavra de Deus, preferindo confiar em seu limitado raciocínio (1 Co 2.14-16).

Em Cristo,

Autoajuda ou Ajuda do Alto

Mensagem que pregarei hoje, se Deus quiser, na Igreja Cristã da Trindade, em SP
Autoajuda ou Ajuda do Alto

Leitura bíblica: Hebreus 13.5,6

INTRODUÇÃO

1. O termo “autoajuda” alude ao conjunto de informações e orientações que visam a possibilitar a alguém a superação de seus problemas emocionais e dificuldades de ordem prática, ou a conquista de objetivos específicos, por meio dos próprios recursos mentais e morais da pessoa.

2. A autoajuda — que é também o processo de aprimoramento pessoal por meio dos próprios recursos mentais e morais, orientado ou não por profissionais ou por livros especializados — tem o seu valor. Mas seria ela mais eficaz que a Ajuda do Alto, isto é, o socorro e a direção que vêm do Senhor, o nosso Ajudador?

I. COMO SER UM VENCEDOR?

1. Segundo os autores de autoajuda, o ser humano já nasce vencedor: “Dentre milhões de espermatozoides, somente um atingiu o óvulo da sua mãe. Você já nasceu vencedor!” Mas é preciso considerar o que está escrito em Salmos 139.16.

2. Segundo a Bíblia, todos os homens já nascem pecadores e, portanto, derrotados (Rm 3.23; 5.12; 11.32; Sl 51.5). Mas em Cristo (Ajuda do Alto) somos mais que vencedores (Rm 8.37). O que diferencia o salvo do pecador é o “tesouro”, e não o material do “vaso” (2 Co 4.7).

II. A AUTOAJUDA É ANTROPOCÊNTRICA, E A AJUDA DO ALTO, CRISTOCÊNTRICA

1. Os propagadores da autoajuda asseveram: “Você é vencedor! Quando acordar pela manhã, diga três vezes: ‘Eu sou vencedor’. Acredite em você”. Tudo gira em torno do ser humano. A mensagem, portanto, é antropocêntrica.

2. O Evangelho é cristocêntrico (Mc 16.17,18; 1 Co 1.22,23; 2.1-5; 2 Co 2.17). Ele prioriza a vitória de Cristo, e não a nossa.
a) Cristo venceu o pecado (Jo 1.29; Hb 4.15) — Ele nasceu e viveu sem pecado; morreu por nossos pecados; e ressuscitou para a nossa justificação.
b) Cristo venceu Satanás (Mt 4.1-11; 1 Jo 3.5,8; Jo 19.30; Cl 2.14,15).
c) Cristo venceu a morte (At 17.30,31; Hb 2.14).

III. A AUTOAJUDA, A AJUDA DO ALTO E OS NOSSOS SONHOS

1. Os propagadores da autoajuda usam muitos bordões ligados a sonhos: “Nunca deixe de sonhar”, “Ouse sonhar”, etc., sugerindo que tudo, na vida, gira em torno de nossos projetos e aspirações.

2. De acordo com a Bíblia, podemos sonhar (1 Tm 3.1), mas a vontade de Deus está acima dos nossos projetos (Pv 16.1; Rm 12.1,2).
a) O sonho (projeto) de Davi.
b) Os sonhos (projetos) de Paulo.
c) Os sonhos (sonhos, mesmo!) de José.

CONCLUSÃO

1. Os livros de autoajuda asseveram: “A vida sem sonhos é monótona, sem brilho. Ouse sonhar! Reaja! Você pode mudar as circunstâncias. Acredite em você”.

2. Segundo a Bíblia, devemos entregar a nosso caminho ao Senhor (Sl 37.5; 1 Pe 5.7). E Ele cuida de nós espiritual, ministerial, material, física, sentimental e profissionalmente. Sim, o Senhor é o nosso Ajudador (Hb 13.5,6), e tudo podemos nEle (Fp 4.11-13).

Em Cristo,

Benny Hinn é um profeta de Deus?

"Por seus frutos os conhecereis"
Benny Hinn é um profeta de Deus?

Não há no mundo todo um conferencista (conferencista?) tão famoso quanto Benny Hinn. É ele um profeta de Deus, um pregador da Palavra? Ou um falso profeta, um animador e manipulador de auditórios? Suas pregações costumam ter conteúdo evangelístico? Enfocam o nome de Jesus? Como se sabe, o ponto alto de suas ministrações são algumas manifestações estranhas, que ocorrem, segundo ele, devido à "nova unção" que está sobre a sua vida.

As opiniões sobre a “nova unção” propagada por Hinn são divergentes. Alguns, afirmando que não se pode limitar o poder de Deus, a defendem com veemência. Outros consideram a cena de uma pessoa caída ao chão ou rolando pelo piso de um templo, no mínimo, grotesca. O assunto é polêmico e, por isso, deve ser abordado de maneira franca, objetiva e à luz da Palavra de Deus.

O "CAIR NO ESPÍRITO"

As argumentações “bíblicas” para se defender o “cair no Espírito” são as seguintes, resumidamente: “Em Gênesis 2.21, Deus fez Adão dormir. Por que ele não faria, hoje, o crente dormir, ao ser cheio do poder? Da mesma forma, Abraão ouviu Deus falar quando estava em profundo sono (Gn 15.12). Finalmente, Daniel, Saulo e João caíram pelo poder do Senhor (Dn 10.8,9; At 9.4-8; Ap 1.17)”.

No primeiro exemplo, Deus fez Adão dormir para formar a mulher (Gn 2.22). No caso de Abraão, o sono não foi proveniente de Deus. Ele estava cansado, depois de ficar em pé aguardando uma resposta do Senhor, que aconteceu por meio de uma tocha de fogo (Gn 15.13-21). Nenhum dos episódios, pois, fornece base para o “cair no Espírito”. Aliás, há também exemplos negativos, como o do dorminhoco Êutico (At 20.9), que inclusive estava em um culto...

As quedas de Daniel, Saulo e João também não proporcionam bons argumentos aos defensores da “nova unção”. Daniel contemplou uma grande visão, depois de jejuar durante três semanas (Dn 10.1-3). Paulo viu uma forte luz, que cegou os seus olhos (At 9.8,9). E João viu Jesus em sua glória (Ap 1.10-18). Nessas circunstâncias, seria impossível permanecer de pé. Observe que, em todos esses casos, nenhum servo de Deus foi lançado ao chão, mas caíram por terem perdido as forças ante a presença real do Senhor.

Segue-se que os textos empregados para defender o “cair no Espírito” são inconsistentes à luz de seus contextos. Por isso, é importante ver o outro lado da moeda. Em primeiro lugar, segundo a Bíblia, Deus nos quer de pé (Ez 2.1; 11.1; Mc 10.49; Ef 5.14). Em contraposição, quem gosta de lançar as pessoas ao chão é o Diabo (Mc 9.17-27; Lc 4.35). Jesus e seus apóstolos nunca impuseram as mãos sobre pessoas para levá-las ao chão.

Mas o “cair no poder” já está ocorrendo em muitas igrejas. E, curiosamente, alguns “ministradores” de tal prática, como este articulista já presenciou, seguram as pessoas com uma das mãos na testa e a outra na parte inferior das costas, tornando a queda inevitável. Ora, se a pessoa cai de poder, por que forçar a sua queda? E sempre há obreiros para ampará-las...

Há também casos em que pessoas são derrubadas à distância, curiosamente da mesma maneira que ocorre em algumas seitas anticristãs. Assista ao vídeo Verdade ou Mito? (volume 2), produzido pela National Geographic, Editora Abril.

BENNY HINN É UM IMITADOR DE CRISTO?

Na verdade, tanto o “cair no Espírito” quanto a “unção do riso” são práticas importadas dos EUA, especialmente trazidas por Benny Hinn, recordista em vendagem de livros, que já esteve no Brasil algumas vezes, “ministrando milagres” através de sopros e golpes de paletó. Hinn, pastor do Centro Cristão de Orlando, na Flórida (EUA), leva inúmeras pessoas a caírem ao chão supostamente pelo poder de Deus.

Benny Hinn derruba muitas pessoas. Há vídeos no YouTube em que vemos até filas de pessoas para receberem o golpe de seu "paletó mágico". Mas, se de fato a unção de Deus está sobre sua vida, por que ele não levanta pelo menos uns 10% de paralíticos, em relação ao grande número de pessoas que ele derruba?

Quando andou na Terra, o Senhor Jesus levantou vários paralíticos e não derrubou a ninguém. Hinn derruba milhares e não levanta nenhum paralítico... Por quê? O Senhor nunca fez propaganda dos milagres que realizava e glorificava o Pai em tudo. No caso de Hinn, todos os holofotes estão voltados para ele. Como diria um famoso jogador de futebol, ele é "o cara".

Curiosamente, os pregadores brasileiros que têm o senhor Benny Hinn como modelo são imodestos, vestem-se como astros, derrubam pessoas e são capazes de pregar (pregar?) uma hora sem citar o nome de nosso Senhor Jesus Cristo!

CONHEÇA BENNY HINN

Infelizmente, muitos crentes, por não conhecerem toda a verdade acerca de Benny Hinn, consideram-no um verdadeiro deus, um profeta do Altíssimo, especialmente ungido para os últimos dias. Os fatos descritos abaixo são duras realidades, mas que devem ser levadas em consideração por aqueles que, cegamente, têm seguido aos ensinamentos de Hinn:

1) Ele declarou que Jesus “... assumiu a natureza de Satanás, para que todos quantos tinham a natureza de Satanás pudessem participar da natureza de Deus”. Esta declaração blasfema é citada no excelente trabalho crítico de Hank Hanegraaff, Cristianismo em Crise, editado pela CPAD (p.166).

2) Afirmou que o Espírito Santo lhe revelou que as mulheres foram originalmente criadas para dar à luz pelo lado. Todavia, por causa do pecado, passaram a dar à luz pela parte mais baixa de seu corpo (citado em Cristianismo em Crise, p.373).

3) Ensina que o homem é um pequeno deus. E afirmou: “Eu sou ‘um pequeno messias’ caminhando sobre a Terra” (idem, p.119).

4) Asseverou que o homem, em princípio, voava da mesma forma que os pássaros. Segundo ele, Adão podia voar até à lua pela sua própria vontade: “Adão era um superser (...) costumava voar. Naturalmente, como poderia ter domínio sobre as aves, sem ser capaz de fazer o que elas fazem?” (idem, p.128).

5) Hinn costuma visitar os túmulos de duas santas mulheres, Kathry Kuhlman e Aimee S. McPherson, para receber a “unção” que flui de seus ossos (idem, p.373).

6) Em seu livro Good Morning, Holy Spirit (p.56), Hinn afirma que, em uma de suas supostas conversas com o Espírito Santo, o Consolador teria implorado para que ele ficasse em sua presença: “Hinn, por favor, mais cinco minutos; apenas mais cinco minutos”. Não somos nós que devemos implorar pela presença do Espírito?

7) Ele ensina que a Trindade é composta de nove pessoas, pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo possuem, cada um, espírito, alma e corpo (citado em Cristianismo em Crise, p.375).

8) Ao ser criticado, disse que gostaria de ter “uma arma do Espírito” para explodir a cabeça de seus críticos. Além disso, profere palavras funestas contra aqueles que refutam suas heresias. As ameaças abaixo, extraídas do livro supracitado (p.376), foram dirigidas ao Instituto Cristão de Pesquisas dos EUA:

“Agora eu estou apontando meu dedo para vocês com o tremendo poder de Deus sobre mim... Ouçam isto! Existem homens e mulheres no sul da Califórnia me atacando. É sob a unção que lhes falo agora. Vocês colherão o que estão semeando em suas próprias crianças se não pararem... E seus filhos e filhas sofrerão” (...) “Vocês estão me atacando no rádio todas as noites — vocês pagarão e suas crianças também. Ouçam isto dos lábios dum servo de Deus. Vocês estão em perigo. Arrependam-se! Ou o Deus Altíssimo moverá a sua mão. Não toqueis nos meus ungidos...”

9) Hinn concordou em tirar alguns erros do livro Good Morning, Holy Spirit (Bom Dia, Espírito Santo), depois de uma conversa com Hank Hanegraaff (presidente do ICP dos EUA), em 1990. No ano seguinte, admitiu seus erros e prometeu fazer alterações em seus escritos. Entretanto, depois de algumas semanas, retornou às suas velhas práticas (idem, p.375).

10) Defendendo a teologia da prosperidade, pela qual afirma que a pobreza é uma maldição, disse que Jó era carnal e mau (idem, p.103), ignorando o enfático testemunho de Deus acerca de seu servo: “Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero e reto, temente a Deus, e desviando-se do mal” (Jó 1.8).

11) Defensor também da falaciosa confissão positiva, declarou: “Nunca, jamais, em tempo algum, vão ao Senhor e digam: ‘Se for da tua vontade...’ Não permitam que essas palavras destruidoras da fé saiam da boca de vocês”. (idem, p.295). Hinn ignora o fato de o próprio Cristo ter ensinado e empregado tal forma de oração (Mt 6.10; 26.39).

Diante do exposto, é Benny Hinn um profeta de Deus? Antes de responder a essa pergunta, leia atentamente Mateus 7.15-23. Bem, agora é com você: reflita e responda, com toda sinceridade e imparcialidade, à pergunta em apreço.

12 de outubro: uma boa data para combater a malévola adultização precoce

A infância, cada vez mais curta, interfere na formação de uma pessoa
12 de outubro: uma boa data para combater a malévola adultização precoce

Neste Dia da Criança desejo abordar um assunto que muitos preferem evitar, o qual me incomoda profundamente: a adultização precoce. A infância, em nossos dias, está cada vez mais curta, e os infantes que não aproveitam essa fase acabarão tendo problemas em sua formação.

Surgiu, há alguns anos, no meio evangélico, uma nova “onda”: a dos animadores de auditório mirins. Eles são espalhafatosos, alguns usam suspensório, berram ao microfone, mandam o povo dizer isso e aquilo, pegar na mão do irmão, abraçá-lo, beliscá-lo, etc. Uns chegam até a usar bordões do tipo: “Pentecostal que não faz barulho tem defeito de fabricação”. E outros dão aqueles “aleluias” prolongados, como se fossem pôr as entranhas pela boca.

Queridos pais e pastores que têm apoiado essa nova modalidade de pregação (pregação?) infantil, dirijo-me aos irmãos com muito respeito e zelo da parte de Deus. É muito bom que as crianças louvem ao Senhor Jesus e preguem a Palavra de Deus em nossos templos. Mas, por favor, deixem os infantes viver essa linda fase da vida! Parem de se aproveitar das crianças para ganhar dinheiro! Vocês são pais ou empresários?

Será que a vida (vida?) do astro Michael Jackson, que não teve infância e sempre foi infeliz por causa disso, não lhes serviu de exemplo? A criança precisa brincar, aproveitar a infância, e não ser submetida a essa insana e agressiva adultização precoce, que já ocorre no mundo (atores, apresentadores e jogadores de futebol mirins, etc.), e agora surge com força entre nós!

Não estou contra os meninos pregadores. Nem contra as igrejas que, eventualmente, realizam cultos com a participação ativa dos infantes. Por graça de Deus, comecei a pregar muito cedo e me regozijo quando vejo crianças pregando a Palavra do Senhor. Mas alegro-me quando as vejo de fato pregando, naturalmente, com simplicidade, falando como criança, gesticulando como criança, reagindo como criança, sem esses trejeitos espalhafatosos dos pregadores malabaristas e animadores de auditório.

Deus criou todas as fases da vida, para que elas sejam vividas. O próprio apóstolo Paulo afirmou: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino...” (1 Co 13.11). E a chamada para ser pregador é um ato soberano de Deus (1 Tm 2.7; Mc 3.13). Se Ele quiser usar os pequeninos como pregadores do Evangelho, nada o impedirá, mas Ele fará isso no tempo certo. Não há necessidade de que sejam “fabricados” animadores de auditório mirins...

Que os pais resistam às influências do mundo (Rm 12.1,2), que a cada dia fazem o período infantil ficar mais curto, tirando dos infantes a inocência e a singeleza (cf. Mt 18.1-4). E que aqueles tenham consciência de que faz parte da boa formação de seus filhos contribuir para que eles vivam intensamente cada fase da vida, a começar pela infância.

Em Cristo,