quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Visão escatológica do progresso

Visão escatológica do progresso

Visão da história e progresso na obra dos filósofos e artistas
Paul Klee, o mestre da escola Bauhaus, deixou à posteridade uma iconografia expressionista intitulada Angelus Novus. A pintura, por suas características rústicas, ilude o observador desatento. Porém, não escapou à interpretação de um dos mais destacados filósofos da Escola de Frankfurt, Walter Benjamin.
 
Em sua obra crítica, Teses Sobre a Filosofia da História (1940), Benjamin interpreta Angelus Novus de Klee como "um anjo a ponto de afastar-se para longe daquilo que está olhando fixamente", com os olhos arregalados, boca aberta e as asas estendidas. De acordo com a hermenêutica de Benjamin, o "anjo da história" deve ter este aspecto. Para o filósofo, a visão que os homens têm da história, como um encadeamento de acontecimentos racionais e positivos é, na visão do anjo, uma catástrofe singular, que empilha incessantes escombros diante de seus pés. Conclui, "o que chamamos de progresso é esta tempestade".
 
O progresso intempestivo e inconsequente mergulhou o homem num lamaçal de insegurança e desconfiança nos projetos rotos da modernidade. O sucateamento das reservas hídricas, a ilógica ótica industrialista predatória, e o progresso de rapinagem que depreda as florestas colocando a vida humana e planetária em perigo, deixaram o homem pós-moderno incerto acerca de seu presente e do futuro de suas gerações.
 
 A visão pessimista da história e progresso humanos de Benjamin só pode ser comparada à Ópera dos três vinténs, de Bertolt Brecht, que afirma em um dos versetos: "Pensa na escuridão e no grande frio que reinam nesse vale, onde soam lamentos."
 
Um futuro lúgubre e gélido, onde se encontram a dor e o lamento, já manifestos no presente histórico. Na pena dos artistas e filósofos, a visão escatológica da história semelha-se às denúncias dos profetas e apocalíptica cristã. A constatação óbvia por todos os observadores nacionais e internacionais, tanto no passado como no presente, é que o nosso mundo está enfermiço: pela avareza, ingratidão e violência e, como consequência, o planeta e suas reservas naturais estão comprometidos pela ganância de seu inquilino.
 
Os cristãos, nós não somos contrários ao progresso. Mas nos opomos à cultura industrial rapinante que hipoteca o futuro das próximas gerações. Somos mordomos, administradores desse lindo e maravilhoso lar ofertado pelo Criador! Não se pode salvar a terra, se primeiro não sararmos o homem. O homem, para ser verdadeiramente curado das mazelas que o aflige, necessita ser curado definitivamente da doença ignorada pela ciência, não reconhecida pela psicologia e desprezada pela educação, o pecado. Não é possível salvar o planeta se primeiro o homem não for salvo!

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