quarta-feira, 16 de março de 2011

O Princípio da Santidade no Sermão do Monte Vida plena na perspectiva do Sermão do Monte

O Princípio da Santidade no Sermão do Monte

Vida plena na perspectiva do Sermão do Monte
Não preciso definir as palavras santo, santidade e santificação, uma vez que todo crente conhece muito bem o significados desses vocábulos. Todavia, saber a definição desses termos e dar-lhes sentido no cotidiano são coisas completamente diferentes. Conhecer um conceito é muito distinto de vivê-lo! Ser santo é muito mais do que os aparatos exteriores da espiritualidade e religiosidade pública. Os fariseus, por exemplo, apresentavam-se como os homens mais santos do Novo Testamento. Eram impecáveis representantes da religiosidade pública. Faziam orações nas praças, vestiam-se com todos os aparatos sagrados do ritual e jejuavam constantemente. Eles não se santificavam para se aproximarem de Deus, mas para tirarem vantagens sociais dessa postura. Sepulcros caiados, dizia Cristo a respeito deles! Por fora, vivos, mas por dentro mortos! Louvavam a Deus com os lábios, mas o coração estava muito, muito longe de Deus.
O Sermão do Monte traduz a essência da ética, santidade e justiça do Evangelho. O que o Decálogo representa para os judeus e para o judaísmo,  o Sermão do Monte representa para os crentes e o cristianismo.
Cristo sintetizou a santidade e vida cristã integral no Sermão do Monte. Ele ensina que:
1. A santidade e a justiça são atributos divinos comunicáveis aos súditos do Reino. Os cristãos devem refletir através de sua cidadania terrena a justiça, a ética e a santidade do Reino de Deus.
2. Viver em santidade, justiça e piedade é possível, mesmo em uma sociedade pós-moderna. A santidade e a justiça divinas são os atributos que devem nortear os sentimentos, a conduta e as ações humanas. A santidade não é uma opção descartável para os filhos de Deus. Muito pelo contrário. É um dever.
3. Relacionar-se com Deus é também relacionar-se corretamente com o próximo. Não se chega a Deus, negando o próximo. Ver a Deus é ser traspassado por Ele (IS 6) – evento que nos permite ter um claro conhecimento de quem somos, aonde estamos, e com quem vivemos. Se a vida moderna orienta o homem a ver o próximo como seu adversário e concorrente, a Ética do Reino ordena ao homem moderno que veja o Outro com alteridade e fraternidade. Serviço, lealdade, companheirismo, amor e perdão são os fundamentos do relacionamento entre os súditos do Reino. Cristo ensinou que para sermos santos não precisamos nos afastar dos pecadores.
4. As bem-aventuranças contestam e contrastam com os objetivos e vontades do homem moderno. As bem-aventuranças descrevem a verdadeira identidade e interesse dos filhos de Deus. O contraste com os valores hodiernos é abundante. As promessas são declaradas futuras, no entanto, no presente, alguns bem-aventurados já desfrutam das realidades do Reino. Todavia, há um preço, uma decisão e um estilo de vida nessa escolha. O crente abdica-se de si, para tornar-se súdito incondicional do Reino.
5. Os valores e finalidades do Reino são distintos dos valores e finalidades terrenais. O contraste de valores é indiscutível. A cidadania celeste exige que se viva de modo a dignificar os valores célicos. Esses valores são absolutos em um mundo relativizado. Daí, a razão pela qual o conflito é constante. Trata-se de uma ferida aberta na alma do crente moderno, mas também de uma decisão que implica em ruptura com os paradigmas que sustentam a sociedade individualista e antropocêntrica.
6. A ética do Reino é teocêntrica. A ética dos filhos do Reino não é estabelecida na lei, nos livros de moral, costumes e boa conduta da sociedade. A ética do Reino é teocêntrica. Deus é o modelo de tudo o que devemos ser, viver e desejar. “Sede perfeitos” é a afirmação categórica da ética teocêntrica. Faça o que puder é o fundamento da moralidade humana.
7. A vida vale mais do que o alimento que a mantém. Mais vale a vida do que aquilo que a mantém. Assim, a ansiedade é uma demonstração de um cuidado exagerado com as preocupações diárias. Embora muitas dessas preocupações sejam justas, Cristo ensina no Sermão do Monte que devemos confiar inteiramente em Deus. Somente Ele tem o controle absoluto da vida humana. Ele conserva tanto homens como os animais por meio do seu incomensurável amor.
Por fim, viver a santidade ensinada por Jesus no Sermão do Monte é viver a vida cristã integral, sem concessões.
É você se aproximar de Deus sem afastar-se dos homens. É você aproximar-se dos homens sem afastar-se de Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário