Conhecendo o Adversário
"Você foi ungido como um querubim guardião, pois para isso eu o designei. Você estava no monte santo de Deus e caminhava entre as pedras fulgurantes. Você era inculpável em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade em você. (...) Por isso eu o lancei, humilhado, para longe do monte de Deus, e o expulsei, ó querubim guardião, do meio das pedras fulgurantes". (Ezequiel 28:14 e 16)"Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: 'Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo'." (Isaías 14:12-14)
Esses versos nos revelam como Lúcifer, o principal dos anjos criados por Deus, querubim ungido e destacado entre os demais, tornou-se o Diabo. Em vista de sua perfeição e beleza, seu coração se encheu de orgulho, de forma que passou a cogitar que também poderia ser adorado tal como Deus o era, se aos anjos fosse dado o arbítrio de assim o escolher.
Sua queda foi, portanto, precedida de orgulho, sede de poder e ambição de se tornar semelhante ao Altíssimo (Isaías 14:14). Em sua rebelião conseguiu convencer um terço dos anjos a segui-lo, o que nos mostra o seu grande poder de persuasão (Apocalipse 12:4). E sucedeu, que, imediatamente, o Senhor Deus expulsou a Satanás e seus seguidores dos céus, lançando-os à terra, onde também habitaria a principal das criações de Deus, moldada à sua imagem e semelhança e dotada da plenitude de arbítrio: o homem.
O Diabo luta com Deus?
A resposta a essa pergunta é NÃO. A idéia de que existe um eterno confronto entre Deus e o Diabo, entre o bem e o mal, lutando em igualdade de condições pela conquista do poder e da adoração dos homens é mais um dos enganos que têm sido plantados no inconsciente coletivo pelo próprio Satanás. Vemos isso constantemente em filmes, novelas e best sellers da literatura atual.A verdade é que TODO o poder pertence ao Senhor Jesus, como Ele próprio nos afirma em Mateus 28:18: "... É-me dado todo o poder no céu e na terra".
Satanás é criatura de Deus, limitado em poder e submisso à soberania e aos propósitos do Senhor. No tempo do fim, Satanás será destruído com apenas um sopro da boca do Senhor Jesus (II Tessalonicenses 2:8). Ora, o propósito do Senhor em não ter destruído a Satanás quando de sua rebelião e tê-lo enviado justamente à terra, onde habitaria o homem é tema sobre o qual não entraremos nesta lição e sobre o qual poderíamos apenas especular. O importante aqui é termos consciência de que não existe uma guerra possível entre o poder absoluto e soberano de Deus e um ser por Ele criado. E Satanás sabe disso; sabe que não é um ser autônomo, independente, com poder ilimitado para agir e fazer o que bem lhe interessa. Sua existência e seu poder estão sujeitos, assim como todas as demais coisas no universo físico e espiritual, ao propósito soberano de Deus!
Assim, podemos afirmar que o objetivo do Diabo nunca foi e nunca será o de derrotar a Deus, pois seria impossível e mesmo impensável. O seu objetivo único é, portanto, destruir a imagem e semelhança de Deus, o homem, uma vez que atingindo ao homem conseguiria atingir a Deus.
A Guerra é Contra a Igreja
Tampouco podemos afirmar que exista guerra entre o Diabo e os homens que não são filhos de Deus, nascidos de novo em Cristo. O que existe neste caso é uma relação de escravidão, de servidão. A guerra é contra nós, Igreja de Cristo, "geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus" (I Pedro 2:9).Veja o que diz Paulo, escrevendo à Igreja de Cristo em Efésios:
"Pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais."(Ef. 6:12) (grifo nosso)
Essa luta é nossa! Enquanto andávamos cegos e perdidos, escravos do pecado e de Satanás, não estávamos em guerra contra ele, mas servindo-o. Nosso destino era a condenação eterna e a atenção que ele dedicava a nós era a de nos manter no engano e impedir-nos de nos achegarmos à luz de Cristo. Uma vez que aceitamos a Cristo como nosso Salvador e fomos redimidos de nossos pecados, fomos imediatamente resgatados da escravidão do pecado e trazidos para a Sua luz (I Pedro 2:9). Mas também fomos inseridos no contexto da guerra contra os santos, tenhamos consciência disso ou não!
Por este motivo, precisamos estar alertas contras as "astutas ciladas de Satanás" e nos aprofundarmos cada vez mais em conhecer as "armas de nossa milícia".
Trataremos nos tópicos restantes de conhecer um pouco a respeito das estratégias de Satanás contra os Santos de Deus e dos instrumentos que o Senhor coloca a nossa disposição para que sejamos em tudo vitoriosos.
O Campo de Batalha
Seria impossível, no breve espaço desta nossa lição, discorrer alongadamente sobre todas as estratégias que Satanás tem utilizado para cativar e escravizar a humanidade ou mesmo todos os tipos de setas e armadilhas por ele utilizadas, como os espíritos de enfermidade, as perseguições demoníacas geracionais, etc. Cada um destes temas poderia ser desenvolvido em longos estudos.Por este motivo, vamos nos limitar a tentar conhecer, mesmo que de forma resumida, o local onde se travam todas as batalhas espirituais; o local onde as batalhas são vencidas, tendo como conseqüência nossa santificação, ou perdidas, dando origem ao pecado, que por sua vez "abre as portas" (muitas vezes chamadas de "brechas") para que o inimigo atue nas mais diversas áreas citadas no parágrafo anterior.
Atente para a seqüência de versículos a seguir:
"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida." (Provérbios 4:23 - Almeida Revista e Corrigida)
"Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte." (Tiago 1: 14, 15)
Leiam, também, II Coríntios 10:4-5 e Romanos 12:2. Percebemos nestas e em diversas outras passagens da escrituras que todo o pecado se origina em nossa mente. É lá que são plantadas as sementes da cobiça, avareza, prostituição e todas as obras da carne descritas em Gálatas 5:19-21.
Satanás é um ser astuto e profundo conhecedor de todas as áreas do conhecimento humano. Ele tem nos estudado desde o princípio. É importante entendermos, todavia, que apesar das suas muitas habilidades, de seu poder de persuasão e convencimento, ele não é onisciente. Então a grande pergunta é: como o Diabo e seus demônios descobrem nossos pontos fracos na mente e nos atacam exatamente ali para nos enfraquecer, se ele não é onisciente? A coisa funciona mais ou menos assim: ele busca padrões em nossos comportamentos de acordo com alguns estímulos. Estes estímulos são as setas que lança contra nós, por exemplo: uma angústia, uma tentação, um medo etc. Dependendo de nossa reação a tais ataques, ele descobre nossas fraquezas. Então, ele envia demônios específicos para trabalharem constantemente em nossa mente, levando-nos a pecar cada vez mais e com maior freqüência. Com isso ele vai construindo as muralhas das fortalezas mentais que Paulo cita em II Coríntios 10:4.
Agora o mais importante: O inimigo só terá uma resposta positiva se o homem permitir, ou seja, se ele lhe der legalidade para continuar.
É importante sabermos que o maior palco da guerra espiritual se chama "Mente e coração". Nele somos confrontados, temos a nossa identidade em Deus questionada e somos desafiados a desistirmos do amor Deus.
As Armas Espirituais
Existem algumas armas que são ensinadas e utilizadas nessa guerra espiritual, porém gostaríamos de nos ater a quatro que são extremamente eficazes em seu poder, quais sejam, invocar a Palavra com fé, resistir ao diabo, confessar os nossos pecados e nos arrependermos deles.Já vimos, em lições passadas, como Jesus venceu Satanás invocando a Palavra. Paulo nos diz que com o escudo da fé (na Palavra) podemos apagar todas as setas incendiárias do Maligno (Efésios 6:16). O escudo da fé é um acessório de defesa do qual não podemos abrir mão. E também há outros acessórios importantes, descritos em Efésios 6:10-18.
Em Tiago 4:7 está escrito: "Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês". Uma das coisas que deve entender é que o Diabo é extremamente persistente e não entra numa luta com a sensação de derrota. Ele deseja nos derrotar e irá tentar isso através da sua persistência. Portanto, a Bíblia nos afirma que esse contínuo investimento, quando encontra a nossa resistência, perde a sua força, a ponto de o Diabo fugir da nossa presença.
Também em Tiago 5:16 a Palavra nos diz: "Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz". O pecado traz doença à nossa alma. Quebrarmos princípios divinos nos leva a morte emocional, física e espiritual. Tiago nos traz um remédio eficaz para a cura desse mal: o princípio da dependência uns dos outros. Confessar os nossos pecados nos traz cura; orarmos juntos, como corpo, traz cura à Igreja e anula o efeito dos poderes demoníacos.
O arrependimento é a quarta arma que apontamos como eficaz nessa guerra. Arrependimento quer dizer mudar de atitude, mudar o caminho que estava seguindo. Em Provérbios 28:13 é dito: "Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia". No Salmo 51:17 é dito: "Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás". O arrependimento nos leva para mais perto de Deus. Deus não resiste a um coração quebrantado, arrependido dos seus pecados. Não basta confessar; é preciso abandonar o pecado. Isso neutraliza as atuações do Diabo em nossas vidas.
Queridos irmãos, sabemos que esse assunto é extenso e não temos a intenção de esgotá-lo, mas gostaríamos que, como corpo de Cristo, aprendêssemos a lutar nessa guerra contra o Diabo, abrindo mão dos nossos orgulhos e vaidades para vivermos uma vida digna do evangelho do Senhor, uma vida onde verdadeiramente as portas do inferno não prevaleçam contra a igreja do Senhor (Mateus 16:18).
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